Segundo a
definição de Milton Santos macrocefalia urbana é “a massiva concentração das
atividades econômicas em algumas metrópoles que propícia o desencadeamento de
processos descompassados: redirecionamento e convergência de fluxos
migratórios, déficit no número de empregos, ocupação desordenada de
determinadas regiões da cidade e estigmatização de estratos sociais, que
comprometem substancialmente a segurança pública urbana.” (2004, p. 306)
Macrocefalia urbana é um fenômeno
urbano que ocorre principalmente em países ou regiões subdesenvolvidos. É
caracterizada pelo desequilíbrio populacional de uma determinada região que
pode ser classificada como cidade, estado ou país onde se tornam dominantes e
autoritárias em relação a outras cidades por ser favorecida pela quantidade de
habitantes que contém e também pela grande quantidade de indústrias em seu
território. Este fenômeno produz cidades completamente desprovidas de
infra-estrutura no interior desses territórios. De modo mais simples é quando a
maior parte da população, da economia, da atividade industrial e comercial
concentra-se em apenas um único aglomerado urbano dentro de um território,
neste caso é quando a população, a economia, a indústria e o comercio estão
concentrados entorno das capitais de determinados estados brasileiros.
No caso amapaense a macrocefalia urbana
registra a mais alta taxa do país, onde 75,50%
da população do estado do Amapá esta concentrada somente na Região Metropolitana
de Macapá, que possui atualmente 515.883 habitantes
e compreendem somente dois municípios, Macapá a capital do estado e Santana que
está há pouco mais de 20 km de distância e ambas encontram-se em processo de
cornubação. Essa macrocefalia no estado do Amapá se deve a toda a uma
conjuntura histórica, desde o período territorial, quando o Amapá era Território
Federal e onde quase todos os investimentos concentravam-se na capital, onde
estava à máquina pública que ate hoje é o grande motor da economia do estado.
Ou seja, sem uma diversidade de atividade econômica como indústria, comércio ou
agropecuária o interior do estado e a capital cresceram em ritmo descompassado
como descreve Milton Santos.
Percentuais de concentração populacional na Amazônia |
Macapá apresenta o maior crescimento populacional percentualmente falando entre todas as capitais brasileiras, e esse fato se deve principalmente ao fator imigracional, na ultima década a população de Macapá cresceu 44% chegando a 407.023 habitantes, o percentual de crescimento populacional de Macapá vinha caindo gradativamente no período territorial, mas com a transformação do Território Federal do Amapá em estado em 1988 e a instalação da área de livre comércio de Macapá e Santana em 1991 o estado passou a receber grandes levas de imigrantes, vindos de todos os cantos do país, entre mão de obra especializada atraídos pelos concursos públicos e oportunidade de negócios e também mão de obra não especializada.
Mesmo não se
caracterizando como metrópole dentro do contexto regional e nacional, a Grande
Macapá desempenha um papel muito semelhante a uma metrópole dentro do estado do
Amapá, e na sua região de influência que abrange todo o estado, e mais os municípios
visinhos do Pará e a Guiana Francesa. Por concentrar um percentual tão elevado
de habitantes, e da atividade econômica e dos demais serviços públicos e
privados, toda a região sobre sua área de influência recorre a Macapá para as
mais diversas atividades. E com os investimentos sendo feitos no interior do
estado a perspectiva de crescimento inevitavelmente se concentra mais uma vez
em Macapá, como é o caso da Ponte Binacional no Oiapoque, as hidrelétricas de
Santo Antônio, Ferreira Gomes e Caldeirão, a ampliação do Porto de Santana e do
Aeroporto Internacional de Macapá, além de mecanismos fiscais como a ZPE (Zona
de Processamento de exportação), ZFV (Zona Franca Verde), FNO (Fundo
Constitucional de Financiamento do Norte), FDA (Fundo de Desenvolvimento da
Amazônia).
Região Metropolitana de Macapá vista de satélite (Google Earth) |
A macrocefalia
no estado do Amapá tornou-se um problema, uma vez que ocorre a super-concentração
populacional na Grande Macapá que não possui infraestrutura para suportar um contingente
populacional tão grande, e ainda deixa o interior do estado em uma situação
pior ainda, o que só gera cada vez mais problemas sociais, tanto na capital
quanto no interior, dentre esses problemas destacam-se a falta de
infraestrutura de saúde pública, falta de investimento em educação, sobretudo
superior e técnica, déficit habitacional, crescimento desordenado, falta ou
ausência de saneamento básico entre diversos outros problemas sócio-econômicos,
que poderiam ser resolvidos se houvesse uma melhor administração do território
amapaense.
Referências:
A maior parte do projeto de urbanização elaborado na década de 1970 foi mantida na gaveta no que se refere à expansão da cidade. O plano, se tivesse sido considerado pelos governantes, poderia ter contribuído positivamente para uma melhor ocupação do espaço urbano de Macapá, levando-se em conta sua proposta de uso do solo.
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