terça-feira, 9 de agosto de 2011

Divisão do Pará

Mapa da proposta de divisão do Pará

O Pará é o segundo maior estado da federação brasileira, é o 13º estado mais rico do país e um dos piores em qualidade de vida, educação e saneamento. Nas palavras da senadora paraense Marinor Brito “Estado rico, povo pobre”. Contudo o maior problema do estado não é seu tamanho caso contrário Sergipe e Alagoas, seriam os melhores estados para se viver no Brasil, seriam verdadeiras “ilhas da fantasias”, não é o que acontece. Sergipe o menor estado brasileiro também é um dos mais pobres, com índices sócio-educacionais ainda piores que o estado do Pará. A frente separatista é a mesma frente ruralista que comanda o agronegócio no sul e oeste do Pará, os mesmos que destroem a floresta e são responsáveis por assassinatos como da missionária Dorothy Stang, são os mesmos, que expulsão á bala milhares de pequenos agricultores, e que agora com sua ância de poder querem criar seus próprios estados e estão momentaneamente precisando do apoio da população mais carente que eles mesmos expulsaram.


Campanha para o plebiscito sobre a divisão do Pará
A divisão do estado do Pará além de não ter sentido seja do ponto de vista geográfico, também não tem sentido do ponto de vista econômico, uma vez que os novos estados já nasceriam com déficits, tendo em vista que somente suas arrecadações não cobririam nem as despesas para manter a máquina administrativa, ou seja, não sobraria dinheiro para obras como construção de escolas, pontes, praças, rodovias, portos etc. Estados como Amapá, Acre e Roraima dependem muito do governo federal até hoje, para quase tudo, por que não são sustentáveis, e agora querem criar mais dois gigantes brancos.

Com a eventual criação destes dois estados a mudança afetaria é claro, o congresso nacional, onde estão grande parte dos parlamentares da frente ruralista-separatista que mais do que ninguém são os maiores interessados na criação de novos cargos como Governadores, Senadores, Deputados federais e estaduais, sem falar dos secretários estaduais, diretores das empresas estatais, assessores etc. Estima-se que para cada um dos novos estados seriam necessários no mínimo 200 mil novos cargos. Ou seja, seriam três máquinas administrativas para administrar um território que atualmente é administrado por apenas uma. Se a justificativa dos separatistas-ruralistas é o tamanho por que não começar a dividir pelo Amazonas? Muito maior que o Pará, e que seu interior é bem mais pobre? O Amazonas sofre com um grave problema chama-se macrocefalia urbana, significa que grande parte da população, da economia e dos serviços está concentrada na capital.


Fonte: IBGE, 2010
O estado do Pará possui muitas cidades de médio porte distribuídas por seu território como Santarém, Marabá, Altamira e Itaituba. Diferente do seu vizinho Amazonas que possui apenas uma cidade com mais de 100 mil habitantes no interior (Parintins) e que ainda sim está próxima da capital Manaus.  Sem mencionar que no interior do Pará está à maior mina de ferro do mundo (Carajás) e o estado é cortado por diversas rodovias a maioria em péssimas condições por conta da má gestão dos recursos, mas ainda sim, está melhor do que seu vizinho Amazonas, muito maior e que praticamente não tem estradas, as poucas estão no entorno da Grande Manaus. Pouca gente sabe, mas o Pará já foi dividido pelo menos outras três vezes, primeiro quando era o estado do Grão-Pará e Maranhão, que originou o Maranhão no período colonial, na segunda vez o Grão-Pará foi dividido e surgiu a província do Amazonas no período imperial, na terceira e última vez na Era Vargas para surgir o antigo Território Federal do Amapá. E agora querem dividi-lo ainda mais.

Fonte: IBGE, 2010


O estado do Pará tem uma grande e antiga tradição de lutas, como na revolta da Cabanagem onde as populações esquecidas e isoladas do interior do estado revoltaram-se com as péssimas condições e invadiram a capital dando inicio a maior e única grande revolução popular da história do Brasil. Em quase todas as revoluções a elite manipula o povo para alcançar seus objetivos e depois os abandona a sua própria sorte, e a história mais uma vez se repete com a frente separatista-ruralista que está desviando o foco das atenções, pregando para a população que o motivo de sua pobreza é o tamanho do estado e que todos os seus problemas serão resolvidos quando se “libertarem” do Pará. Mais eis que fica a pergunta, depois de libertar-se do Pará, quem irá libertá-los de seus libertadores? A divisão do estado não trará grandes benefícios, pois os separatistas pretendem reproduzir as mesmas estruturas de governo, corruptas, oligárquicas e excludentes que existem hoje.

Tamanho não é documento, o problema do Pará é gestão!