segunda-feira, 25 de março de 2013

Obras de arquitetos famosos no Amapá



Muito embora Macapá e o estado do Amapá como um todo não tenha mais um centro histórico com características coloniais, como nos tempos da Vila de São José de Macapá, ou um complexo de construções modernas de uma cidade planejada como Palmas ou Brasília, por exemplo. Ainda sim quem olhar com mais atenção para algumas construções na capital amapaense verá que certas edificações ou intervenções urbanas se destacam arquitetônica ou urbanisticamente na paisagem amapaense, tornado-se marcos visual, referências regionais ou grandes áreas de convívio social, sendo muitas dessas edificações ou intervenções paisagísticas projetadas por alguns dos mais famosos arquitetos, urbanistas ou paisagistas do Brasil. Ou seja, mesmo não sendo conhecida por ter uma rica arquitetura ou pelo excelente planejamento urbano, Macapá possui sim alguns ótimos exemplares da arquitetura e do urbanismo moderno.

E dentre muitas obras destaco, em ordem cronológica, especificamente algumas das mais importantes do estado e seus respectivos projetistas e são eles: Oswaldo Arthur Bratke que projetou as Company Towns de Serra do Navio e Vila Amazonas nos anos 50. João Batista Vilanova Artigas que em Macapá Projetou a Escola Tiradentes, o prédio da Secretaria de Infraestrutura (Seinf), e o prédio da Polícia Militar nos anos 70. Rosa Grena Kliass que projetou o Parque do Forte no entorno da Fortaleza de São José nos fins dos anos 90, entretanto o projeto só iria ser finalizado em 2006. E João da Gama Filgueiras Lima, mais conhecido como Lelé que projetou o Hospital Sarah Kubistchek de Macapá inaugurado em 2005.

Oswaldo Bratke
Oswaldo Bratke nascido em Botucatu em 24 de agosto de 1907 - São Paulo e morreu em 6 de julho de 1997 foi um dos principais nomes da arquitetura paulista. Diplomou-se em 1931 como arquiteto-engenheiro pela Universidade Mackenzie. Dois anos depois começa uma sociedade com o arquiteto Carlos Botti, com quem realiza inúmeros projetos residenciais, principalmente em São Paulo e em 1938 ele desenvolve o projeto de reforma e ampliação do Parque Balneário de Santos e do Gran Hotel de Campos do Jordão.

“Sempre acreditei que uma implantação urbana deve ser feita à feição de seu morador e não uma imposição à qual ele tenha de se adaptar.”
(Oswaldo Bratke)

Serra do Navio e Vila Amazonas


Serra do Navio (Acima) e Vila Amazonas (Abaixo)

No Amapá Oswaldo Bratke foi responsável pelo projeto de duas company towns iniciadas em 1957 pela ICOMI (Industria Comércio e Mineração), a Vila de Serra do Navio, atualmente um município e Vila Amazonas localizada no município de Santana. Uma próxima a mina (Vila de Serra do Navio) e outra próxima ao porto (Vila Amazonas). Na vila de Serra do Navio foram construídas 334 habitações em 4 tipologias diferentes. Na qual cada modelo de casa era destinado a abrigar uma determinada hierarquia de funções na empresa. Estava também contida na proposta alojamentos para operários, dois clubes sociais, uma escola de ensino fundamental, um hospital que durante muito tempo foi referência internacional, dois restaurantes, uma igreja ecumênica e um centro de compras. No caso da Vila Amazonas foi construída quase o mesmo número de habitações, alojamentos, dois clubes sociais, uma escola de ensino fundamental, dois restaurantes, um centro de compras e um cinema.

Vilanova Artigas
Vilanova Artigas nasceu em Curitiba em 23 de junho de 1915 e morreu em São Paulo em 12 de janeiro de 1985 foi um arquiteto brasileiro cuja obra é associada ao movimento arquitetônico conhecido como Escola paulista. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Tornou-se depois um dos professores mais envolvidos com os rumos desta nova escola, junto ao arquiteto Carlos Cascaldi projetado o novo Prédio da FAU-USP, sua obra mais conhecida. Embora tenha vivido no Brasil na década de 1970, foi impedido de atuar plenamente pelo regime militar. Seu retorno à faculdade se deu em 1979, fruto do processo de anistia instaurado no país a partir daquele ano, e foi celebrado pelos alunos. Continuaria a lecionar na FAU-USP até sua morte, em 1985, morreu poucos meses antes da queda da ditadura militar e da redemocratização do país.
Prédio da Seinf 
Prédio da PM-AP

Escola Tiradentes










Vilanova Artigas é o arquiteto que mais tem projetos em Macapá, todos da década de 70 quando o Amapá ainda era Território Federal, ele projetou três notáveis edificações; Escola Tiradentes, prédio da Polícia Militar do Amapá (PM/AP) e o prédio da Secretaria de Infraestrutura (SEINF). Atualmente as obras de Vilanova Artigas em Macapá encontram-se em diferentes estados de conservação, a Escola Tiradentes encontra-se bastante alterada em seu projeto original, com a colocação de telhas de barro ao invés de um jardim suspenso como era previsto no projeto original. O prédio da Seinf encontra-se hoje relativamente bem preservado entretanto, bastante escondido seja por outras construções no entorno, seja pela vegetação que esconderam essa edificação da paisagem da cidade. O prédio da Polícia Militar é hoje a obra em melhor estado de conservação de Vilanova Artigas em Macapá, e está relativamente bem presente na paisagem urbana da cidade.

Lelé
Lelé
Formou-se arquiteto pela Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, em 1955 e sob influência de Oscar Niemeyer e Nauro Esteves, mudou-se para Brasília ainda recém-formado, em 1957, ano em que foi iniciada a implantação do plano piloto de Lucio Costa. Neste período, construiu, projetou e colaborou com Oscar Niemeyer na construção da cidade. Trabalhou na Universidade de Brasília de 1962 a 1965, quando pediu demissão junto com 209 professores e servidores, em protesto contra a repressão na universidade. Atualmente Lelé atua como diretor do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), onde desenvolve os projetos e a execução dos novos hospitais da rede trabalhando para a CTRS.

Hospital Sarah Kubischek de Macapá
Hospital Sarah Macapá
Inaugurado em 20 de dezembro de 2005, o Posto Avançado Sarah-Macapá é um centro de Reabilitação Infantil. O Sarah-Macapá é o primeiro da Região Norte, situa-se a 500 metros do monumento Marco Zero, por onde passa a Linha do Equador. O Sarah-Macapá está interligado às demais unidades da Rede SARAH por tecnologia de telecomunicação, que propicia discussão de casos clínicos e exames, inclusive em tempo real, por meio de vídeo-conferência. O Sarah Macapá segue as características dos demais hospitais projetados por Lelé como o telhado, que lembra ondas estilizadas, sua marca registrada, viabiliza o sistema que permite a captação de luz, através de grandes janelas próximas ao teto O trabalho de Lelé injeta beleza, cor e energia no ramo nada glamouroso da arquitetura hospitalar, onde imperam o funcionalismo sem inspiração ou, quando há dinheiro, o novo-riquismo à brasileira. "A arquitetura de hospitais nunca mereceu maior importância. Muitos profissionais têm usado até conceito de shopping centers para clínicas".

Rosa Kliass
Rosa Kliass formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada predominantemente à arquitetura paisagística. Rosa Kliass é uma arquiteta-paisagista brasileira, considerada uma das mais importantes na história do Paisagismo brasileiro moderno e contemporâneo. Rosa Kliass é conhecida como "criadora de cartões postais", já que muitas de suas obras Brasil á fora se tornaram atrações turísticas tais como; Mangal das Garças e Estação das Docas em Belém, Parque da Lagoa e Parque das Esculturas em Salvador, Reforma do Vale do Anhangabaú e Parque da Juventude em São Paulo e o Parque do Forte em Macapá.

Parque do Forte
Parque do Forte no entorno da Fortaleza de São José de Macapá
No dia 10 de junho de 2006, às 17 horas, era inaugurada uma das mais importantes obras realizadas em todo o Estado do Amapá – O Parque do Forte. O governo do Estado distribuiu um convite que tinha o seguinte texto motivador para a presença no grande evento: “Vamos dar as mãos numa grande corrente e abraçar o nosso maior patrimônio histórico cultural: a Fortaleza de São José e participara da inauguração do Parque do Forte”. Construído no entorno da Fortaleza, despontando como o maior espaço de lazer da cidade. Passados sete anos desde sua inauguração hoje o Parque do Forte já se encontra em uma triste situação de abandono e esquecimento por parte do atual governo do estado (O responsável legal pelo parque), todos os elementos paisagísticos estão praticamente destruídos, e o local que ainda se mantém como o principal espaço de lazer da cidade está cada vez mais escuro, violento e com poucos atrativos para o convívio social.
Parque do Forte atualmente
Referências:








sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres na Arquitetura, no Brasil e no mundo


Durante séculos, para não dizer milênios, o ramo das construções foi dominado por homens desde os primórdios, entretanto desde os últimos tempos, acompanhando as mudanças na sociedade contemporânea a mulher tem cada vez mais ocupando lugares de destaque na arquitetura mundial, não somente quantitativamente, mas qualitativamente também. A primeira mulher oficialmente graduada em arquitetura foi à estadunidense Marion Mahony Griffin, a primeira arquiteta graduada pelo MIT em 1894, depois dela centenas de outras mulheres ganharam papeis de destaques, sobretudo por suas criações e inovações para a arquitetura e o urbanismo.

Arquitetas pelo mundo

Marion Mahony Griffin
  (14 de fevereiro de 1871 –
10 de agosto de 1961
)
Mahony casou-se com Walter Burley Griffin. Ele era um arquiteto, e um dos líderes do movimento Prairie School de arquitetura. As perspectivas em aquarela que Marion executou para ilustrar o projeto de Canberra, a nova capital da Austrália, que Walter concebera, foram importantes para assegurar a vitória na competição internacional pelo planejamento da cidade. Em 1914 o casal mudou-se para a Austrália para supervisionar a construção de Canberra. Marion gerenciava o escritório em Sydney e era responsável outros pelos projetos privados do casal. Foram pioneiros no método de construção conhecido como Knitlock. 





Julia Morgan
(20 de Janeiro de 1872 -
02 de Fevereiro de  1957)
Primeira mulher a estudar arquitetura na prestigiada École des Beaux-Arts (Escola de Belas Artes) em Paris e a primeira a trabalhar como arquiteta profissional na Califórnia . Durante sua carreira de 45 anos, Julia Morgan (1872-1957) projetou mais de 700 casas, igrejas, edifícios de escritórios, hospitais, lojas e edifícios educacionais, incluindo o famoso castelo de Hearst.






Zaha Hadid
(Nascimento: 31 de Outubro de 1950)
Nascida em Bagdá, no Iraque, Zaha Hadid, atualmente com 62 anos, foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Pritzker (O mais importante da arquitetura mundial) pelo conjunto de suas obras. Entre as que mais se destacaram estão: Vitra Fire Station, Centro Rosenthal de Arte Contemporânea o Terminal Hoenheim-North & Estacionamento e Bergisel Ski Jump. Zaha é atualmente considerada a versão feminina de Niemeyer, embora ela mesma já tenha assumido que o tem como referência para suas obras, assim como podemos notar traços dele na sua arquitetura.



Kazuyo Sejima
(Nascimento: 1956)
É uma expoente da arquitetura contemporânea e tem desenhado alguns dos trabalhos mais inovadores construídos recentemente ao redor do mundo. Possui uma lista de projetos notáveis, incluindo o New Museum of Contemporary Art, em Nova York, e o Serpentine Pavilion, em Londres, Inglaterra. Ela e seu parceiro, Ryue Nishizawa, compartilharam o Pritzker 2010.





Vitra Fire Station - Zaha Hadid
Zollverein School - Kazuyo Sejima











No Brasil
Muito embora formem-se milhares de arquitetas no Brasil ainda é predominante a presença de homens na arquitetura, e poucas mulheres conseguiram ganhar notoriedade por seus trabalhos, herança de nossa cultura ainda muito machista e patriarcal. No dia das mulheres é necessário, sobretudo refletir sobre essa problemática social no nosso país, uma vez que em média as mulheres ainda ganham menos que os homens para as mesmas tarefas. As arquitetas Brasileiras que conseguiram romper nos últimos anos com o patriarcalismo na arquitetura Brasileira foram Lina Bo Bardi e Rosa Kliass:

Lina Bo Bardi
(5 de Dezembro de 1914 - 20 de Março de 1992)
Lina Bo Bardi foi uma arquiteta modernista ítalo-brasileira, Lina estudou na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma. Ganha certa notoriedade e estabelece escritório próprio, mas durante a II Guerra Mundial enfrenta um período de poucos serviços, chegando a ter o escritório bombardeado. Conhece o escritor e arquiteto Bruno Zevi, com quem funda a revista semanal A cultura della vita. Neste período Lina ingressa no Partido Comunista Italiano e participa da resistência à ocupação alemã. Já no Brasil, Lina desenvolve uma imensa admiração pela cultura popular, sendo esta uma das principais influências de seu trabalho. Sua produção adquire sempre uma dimensão de diálogo entre o Moderno e o Popular. Lina fala em um espaço a ser construído pelas próprias pessoas, um espaço inacabado que seria preenchido pelo uso, pelo uso popular cotidiano. Sua obra mais conhecida é o projeto da sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP).


Rosa Kliass
Rosa Grena Kliass formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada predominantemente à arquitetura paisagística, sendo ganhadora de inúmeros prêmios nesta área. Sagrou-se também como consultora de diversos órgãos estatais, autora de vários trabalhos publicados no país e no exterior. Rosa Kliass é conhecida como "criadora de cartões postais", já que muitas de suas obras Brasil á fora tornaram-se atrações turísticas tais como; Mangal das Garças e Estação das Docas em Belém, Parque das Lagoa e Parque das Esculturas em Salvador, Parque da Juventude em São Paulo e Parque do Forte em Macapá.



Edificio do MASP - Lina Bo Bardi
Parque do Forte (Macapá) - Rosa Kliass
















Referências:
http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/10-mulheres-que-marcaram-a-arquitetura-no-mundo#3
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/06.069/4588