quarta-feira, 30 de março de 2011

Obras Lendárias

Novo Aeroporto de Macapá (Era para está INAUGURADO em 2007)

Novo Aeroporto de Macapá (Era para está INAUGURADO em 2007)

Toda cidade, estado, região ou país o poder público ou privados promovem a construção de obras estruturantes que promovam o desenvolvimento da economia e em alguns casos obras que promovam o desenvolvimento social para depois promover o desenvolvimento econômico. A Região Norte está cheia de projetos megalomaníacos outros nem tanto, que nunca saíram do papel ou que estão parados há muito tempo, as chamadas: “obras lendárias”.



Na época da 3ª República e da 4ª República (Ditadura militar) muitos foram os grandes projetos voltados para “integrar” a Amazônia ao resto do Brasil e ao capitalismo internacional, quase todas fracassaram, Fodlândia ,Transamazônica , Perimetral Norte ,Projeto Jarí entre outros. Não geraram desenvolvimento para o povo da região e ainda arrasaram o meio ambiente. A Amazônia derrotou os megaprojetos e fez os recursos públicos escorrer ralo a baixo.
Entroncamento-Belém (Hoje)

Entroncamento - Belém (Futuramente, até hoje ainda não saiu do papel)

Já na 5ª República (ou Nova República, período atual) surgiram alguns outros projetos menores e mais direcionados a resolver problemas urbanos de infraestrutura, em Macapá o Novo Aeroporto Internacional e o Hospital do câncer, que virou do coração e que agora deve ser pronto-socorro. Em Belém o pórtico metrópole, o portal da Amazônia o metrô de Belém(MetroBel), prolongamento da João Paulo II entre outros também viraram “obras lendárias”.
Projeto Portal da Amazônia (Belém) Sem previsão

Projeto Portal da Amazônia (Belém)

Projeto Portal da Amazônia (Belém)

A grande questão é: onde foram para os recursos destinados a essas obras? Onde estão os culpados? Estas respostas não precisam nem de muita imaginação par saber, muito provavelmente foram desviadas, superfaturadas, enfim. Todos sabem o que acontece, mas ninguém faz nada, até quando?
Pórtico Metropole (Belém) Previsão atual agosto-2011

terça-feira, 29 de março de 2011

Anomalia Urbana



A maioria das grandes metrópoles cresceu de forma desordenada, sem planejamento, sem projetar seu futuro, hoje vemos como resultado disso que as grandes cidades que nasceram como símbolos do progresso e da industrialização  e de qualidade de vida, estão se enrijecendo, ou seja, problemas como violência, trânsito, moradia estão tão sérios que mais parece que não tem mais solução. 


Não fugindo a regra das grandes metrópoles do Brasil, Belém está em um momento decisivo de sua “trajetória urbana” Nos últimos anos a cidade perdeu grandes oportunidades, e não realizou obras estruturantes, resultado, transporte público caótico e trânsito que estressa qualquer um, obras fundamentais como metrô e outras vias expressas nunca saíram do papel, obras turísticas como reforma da cidade velha e a orla de Belém também ainda estão no papel.


No que se refere à construção civil, outro grande problema, por falta de planejamento urbano  ou especulação fundiária, a cidade parou de crescer horizontalmente, com o término dos espaços na zona urbana da metrópole, Belém passou desde a última década a crescer para cima,  praticamente a cada semana ocorre pelo menos dois lançamentos imobiliários edifícios e mais edifícios são levantados, e estão migrando para outras áreas como o Eixo Augusto Montenegro e Br-316 .

Os edifícios estão enchendo a paisagem de Belém a região da Doca Boulevard tornou-se o metro quadrado mais caro de Belém, da Amazônia e o 5º mais caro do Brasil. A região tem habitantes majoritariamente de classe média alta e classe alta, apartamentos de um ou dois milhões não são raros de achar. Mas se os ricos esbanjam seus apartamentos luxuosos, a classe média baixa, beneficiada pelos programas do governo federal também adquirem seus primeiros apartamentos, ou seja, a construção civil atingiu quase todas as classes.

Contudo os edifícios em si não são um problema, o problema começa quando o poder público não Poe limites nem regras, o que é exatamente o que está acontecendo em Belém, à proliferação de edifícios é geral, e ainda tem outros agravantes além da falta de ventilação, ilha de calor, existe uma corrida silenciosa nas construtoras locais de construir “as maiores torres da Amazônia”, ou seja, edifícios em cada vez em maior número e cada vez maiores, mais altos.

Visto desse ângulo os edifícios tornaram-se uma anomalia urbana, é certo que cidades verticais têm menos problemas e são mais eficientes nos serviços públicos e privados que as cidades horizontais, no entanto, o poder público belenense precisa intervir para garantir um crescimento mais ordenado e com mais qualidade de vida não só nas áreas mais nobres como também e principalmente nas áreas mais pobres.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Belle Époque Amazônica



Belle Époque (bela época em francês) começou no final do século XIX (1871) e durou até a eclosão da primeira guerra mundial em 1914 foi considerada uma era de ouro da beleza, inovação e paz entre os países europeus e suas influências se espalharam pelo mundo chegando até a Amazônia.

Na Amazônia a belle époque deu-se por conta do boom provocado pela riqueza proveniente da extração do látex (Borracha) extraído da árvore havea brasiliensis, e o período entre 1870 e 1913, foi uma época sem igual para Belém e Manaus, os centros da economia da borracha. Após a queda do império e a implantação da república, os ideais positivistas, modernizantes e progressistas do novo regime não demoraram a chegar a região, uma vez que com a implantação do federalismo os estados ganharam autonomia para recolhimento e aplicação dos impostos, o que possibilitou as elites locais avançarem ainda mais no seu projeto de civilização européia em plena região amazônica.

A economia da borracha e o sistema de aviamento 

Para a consolidação do novo ciclo econômico, várias mudanças se fizeram necessárias, primeiramente precisava-se de mão de obra para extrair o látex, na época abundante na floresta amazônica, para suprir a falta de trabalhadores buscou-se no exterior e sobretudo no nordeste onde a população passava uma das piores secas da história. Criou-se o sistema de aviamento que consistia na contratação de trabalhadores no nordeste e seu translado para a Amazônia, chegando a região os mesmos eram submetidos a um sistema de escravidão, pois os mesmos chegavam já endividados por conta das passagens e ainda pior só poderiam vender a borracha e comprar produtos de sua necessidade no barracão do seringalista ou coronéis da borracha (Donos de Seringais) o que obrigava os seringueiros (trabalhadores da borracha) a ficarem eternamente em débito e presos ao seringal.

Nas cidades: O luxo e a opulência
(Moda européia entre as  damas 
da elite seringalista - Belém 1916)
Na floresta: Miséria, semi-escravidão
(Seringueiros extraindo 
o látex da seringueira)


Os centros da economia da borracha eram Belém e Manaus, onde vinha toda a borracha produzida nos seringais, as cidades serviam de entrepostos comerciais para compra e venda do látex, uma vez que na época a Amazônia detinha o monopólio do produto, já que não existia havea brasiliensis em nenhum outro lugar do mundo. Enquanto a moeda brasileira era o Réis, na Amazônia a moeda da borracha era a Libra Esterlina da Grã-Bretanha, uma vez que era a moeda mais valorizada da época e os britânicos eram os principais compradores, e na Europa a borracha era utilizada na industria automotiva, na fabricação de bolsas, sapatos e diversos outros produtos, o que mostra a importância que o látex da amazônia tinha para a economia mundial.

Reurbanização de Belém e Manaus
Interior do Teatro Amazonas - Manaus
Teatro da Paz  - Belém

O boom provocado pela riqueza advinda da extração da borracha e as custas da escravização de milhares de seringueiros, trouxe para as principais cidades da Amazônia milhares de imigrantes europeus e de outras regiões do Brasil, que vieram sobretudo para lucrar com o pujante ciclo econômico, com isso a nova elite aristocrática-seringalista da região traçou um projeto de civilização européia, importando além de produtos de luxo e a arquitetura, bem como os costumes e tradições puramente europeus para a Amazônia. Dentro deste contexto era necessário reurbanizar os centros da economia gomífera, e Paris serviu de modelo neste período, um espelho de civilização de não deveria ser apenas imitado e sim copiado em todos os seus aspectos. Criando uma certa dicotomia, pois se por um lado havia um forte dependência econômica da Inglaterra, por outro havia uma forte ligação com a França. Dentro deste contexto duas personalidades foram igualmente significativas para este processo de reurbanização, Antônio Lemos em Belém e Eduardo Ribeiro em Manaus. 


Belém "A Paris N'América"


 
Planta da Cidade de Belém - 1904

Intendente Antônio Lemos
Antônio Lemos, maranhense, implantou em Belém uma rígida administração objetivando modernizar, sanear e embelezar a capital paraense, aos moldes de Paris, para isso criou um código de postura que pretendia fazer a população adotar hábitos mais europeus, para isso construiu grandes boulevards, arborizou ruas, construiu monumentos, implantou o primeiro sistema de iluminação elétrica do país, construiu calçadas de mármore, praças e bosques, implantou e expandiu o primeiro sistema de bondes elétricos do Brasil, além de estimular as construção de palácios e palacetes em estilo neoclássico e art noveau, assim como da adoção de uma rígida politica de cobrança de impostos e de controle dos gastos públicos, também mantinha os principais locais públicos em constante vigilância, afim de garantir a proteção da elite seringalista.







Manaus "A Paris Tropical"

Planta da Cidade Manaus em 1914

Intendente Eduardo Ribeiro

Eduardo Ribeiro, maranhense, transformou Manaus de uma vila em cidade em poucos anos, durante sua gestão foi criado o primeiro plano diretor urbano de Manaus, além da implantação do primeiro sistema de água e esgoto, sistema de telégrafo, bondes e iluminação elétrica, além do Teatro Amazonas, Palácio do governo, Palácio da Justiça e o Porto Flutuante todo construído em ferro importado da Inglaterra, durante sua gestão também houve uma austera politica de aumento da cobrança e bem como da arrecadação de impostos, durante sua gestão que Manaus passou a ser conhecida como a "Paris dos trópicos".


  



A quebra da economia da borracha

O monopólio da borracha fazia com que os seringalistas da Amazônia cobrassem altíssimos preços pelo produto, entretanto no inicio do século XX, os britânicos, maiores compradores, passaram a traficar milhares de mudas de havea brasiliensis, para suas colônias na Malásia, uma região tropical com um clima muito semelhante ao da região amazônica, as mudas traficadas passaram a crescer lá, em menos tempo, e plantadas em série, coisa que era impossível de se fazer na  Amazônia a época, por conta das pragas, logo os custos e o tempo de produção era mais baixos, a qualidade mais elevada, do que a borracha produzida na Amazônia, e os britânicos não tinham mais que pagar impostos uma vez que estavam agora produzindo borracha em suas próprias colônias.


O ano de 1913 foi marcado pelo inicio da exportação da borracha produzida na Malásia e o inicio do crise econômica da economia gomífera na Amazônia, que em 1912 registrou a maior exportação da história e chegou a ser o segundo maior produto de exportação brasileira. O rápido declínio fez desmoronar não apenas um ciclo econômico, mas uma sociedade inteira. Sem atenção do governo federal para a crise, e sem haver como competir com o látex malasiano os velhos e rudimentares seringais da Amazônia quebraram, e depois de décadas de absoluta ostentação, não havia nada que os governos locais pudessem fazer, ao longo de décadas os centros econômicos da região investiram muito mais em embelezamento das cidades ao invés de industrias ou outras atividades econômicas, era tarde demais, a Amazônia estava quebrada, e permaneceria em um estado de abandono pelas seis décadas seguintes.

 Abaixo, algumas construções do período da belle époque:
Belém 
Mercado de Ferro do Ver-o-peso 
Palacete Bolonha  
Coreto de Ferro -
Praça Batista Campos 

Teatro da Paz - 1878




Loja Paris N'América


















Manaus

Teatro Amazonas - 1896
Coreto de Ferro - Praça da Polícia 













Ponte de ferro Benjamin Constant



Mercado Adolpho Lisboa











Referências:

http://noamazonaseassim.com.br/tudo-sobre-o-ciclo-da-borracha-dos-primordios-ate-1920/