quinta-feira, 14 de novembro de 2013

As verdadeiras razões da Rodovia Norte-Sul


O discurso oficial diz que a rodovia Norte-Sul irá desafogar o trânsito na Zona Norte de Macapá, e que irá acabar com os congestionamentos (Na realidade, lentidão do trânsito, em horários previsivelmente determinados como no inicio da manhã e fim da tarde). De algum modo existe algum sentido em tudo isso, entretanto será que essa é a real razão para a construção desta rodovia de quase sete quilômetros e que certamente impactará a capital macapaense?

O que deveria ter sido feito
Se o intuito da rodovia fosse apenas e unicamente ligar a Zona Norte a Zona Sul de Macapá, uma idéia muito antiga poderia ter sido tirada do papel, trata-se do prolongamento da Rua Leopoldo Machado, em conjunto com a união dela com a Rua Hamilton Silva e juntas formariam um trecho viário de apenas 3,4 Km reduzindo significativamente o tempo, o custo e o percurso de quem quisesse ir da Zona Norte a Zona Sul. E para interligar a Zona Norte a Zona Oeste através da Duca Serra bastasse ter asfaltado uma estrada antiga que liga o Alvorada a Ilha Mirim, margeando as áreas de ressacas no caminho, coisa que o atual traçado da Rodovia Norte-Sul não faz.
Adicionar legenda

Obras viárias complementares                               
A rodovia em questão ligará a BR-156 a Rodovia Duca Serra, o que possivelmente transferirá o congestionamento da Ponte Sérgio Arruda para o Começo da Duca Serra que hoje em horários de pico já apresenta alguns problema já que a rodovia está duplicada apenas em um pequeno trecho que não chega a um quilometro e termina bem em frente ao Ceap, sem obras viárias complementares como rotatórias ou viadutos tanto como no encontro da Norte-Sul com a BR como em seu encontro com a Duca Serra e a duplicação desta, certamente ocorrerá congestionamentos ainda piores dos que já ocorrem na Ponte Sérgio Arruda.

Interesses institucionais

Já não é de hoje que a imensa área de Infraero gera criticas de governos e urbanistas, na verdade desde que o Aeroporto de Macapá foi construído nos anos setenta, arquitetos-urbanistas da época já alertavam que o tamanho do sitio aeroportuário bem como sua proximidade com o centro da cidade iriam atrapalhar o crescimento de Macapá, mas sem interesse no tema parte da população e de especialistas, bem como a tradicional falta de visão dos políticos locais da época, o aeroporto foi construído ali mesmo.
Não é por outro motivo que o Projeto da Rodovia Norte-Sul, passa exatamente dentro da gigantesca área da Infraero, inclusive esta rodovia constava já no Plano Diretor de Macapá de 2004, bem como a área da Infraero mesmo sendo propriedade federal aparece como “área de interesse institucional”, o que não é uma mera coincidência já que recentemente o governo do estado criou a comissão para a elaboração do edital do concurso de projeto urbano para a “Cidade Administrativa”, que futuramente deverá transferir todos os órgãos públicos do setor administrativo na Avenida Fab para a região da Norte-Sul, e este projeto terá um impacto ainda maior sobre a capital macapaense.


domingo, 25 de agosto de 2013

Plano Diretor Universitário para a Unifap

O que é um plano diretor?

Existem várias definições do que seria um plano diretor, entretanto uma das melhores definições é a seguinte: “O Plano Diretor pode ser definido como um conjunto de princípios e regras orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço urbano. (BRASIL, 2002, p. 40)”.
O Plano Diretor de uma cidade universitária apresenta diferenças quanto ao aplicado a um município. Por exemplo, dentro da esfera institucional, não há um mercado imobiliário capaz de valorizar as terras de maneira desigual, cuja reflexão será na oferta e na demanda diferenciadas por lotes. Também dentro da Academia, há o estabelecimento de um caráter de zona de uso do solo, com favorecimento e incentivo maiores a certos usos em alguns locais (prédios para salas de aula, laboratórios etc.), em detrimento de outros (atividades administrativas)”.
Professor Juliano Pamplona Ximenes Ponte, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Campus Marco Zero da Unifap
Evolução Urbana do Campus Marco Zero

Desde sua fundação em 10 de abril de 1987 a Universidade Federal do Amapá não possui plano diretor para nortear o planejamento urbano do Campus Marco Zero, sendo uma das únicas universidades federais do país sem tal mecanismo, e o que vem se verificando nos últimos anos é uma expansão desordenada sem obedecer a um partido arquitetônico, sem setorização ou zoneamento, sem sistema de saneamento básico de tratamento de esgoto, e com problemas sérios de arborização e locais de socialização dos acadêmicos, isso quando o curso tem bloco, pois vários cursos mais recentes como Relações Internacionais e Jornalismo simplesmente vagam pela Unifap estudando em blocos "emprestados" de outros cursos. Nos últimos anos tem-se adotado um modelo de bloco chamado pelos alunos de “blocões” ou “caixotes” sem nenhum critério de conforto térmico, acústico ou de iluminação natural, onde se utiliza largamente o uso de centrais de ar condicionado, películas e cortinas visando minimizar os efeitos da falta de planejamento ou da adoção de um partido arquitetônico que vise o conforto e a salubridade dos ambientes para os acadêmicos e funcionários.
Primeiros Blocos da Unifap 
Primeiros Blocos da Unifap 
Os "puxadinhos" ampliando blocos antigos
para colocar mais salas de aula
Os "blocões-Caixotes"
Novo bloco padrão da Unifap
Falta de arborização também é uma
marca do Campus Marco Zero
Restaurante Universitário - R.U















Onde está o curso de Arquitetura e Urbanismo?
"Campus" Santana -
Curso de Arquitetura e Urbanismo
Uma ilustre visitante
Alheio a tudo isso, o curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifap, está localizado há mais de vinte quilômetros do Campus Marco Zero, no Campus Santana continua sendo o único curso de graduação fora do Campus Marco Zero, o que faz com que os acadêmicos de arquitetura não tenham quase nenhum contato com o resto da universidade, quebrando assim uma das lógicas da universidade que é justamente a interação entre os diferentes campos da ciência, ou seja, a universalização do ensino. Somando ao fato de que mesmo sendo um curso com quase uma década de criação não possui nenhum laboratório ou infra-estrutura que não seja sala de aula, os alunos não dispõem de Restaurante Universitário, Vestiários, Quadra, Piscina entre outros equipamentos que existem no Campus Marco Zero e para completar os acadêmicos de arquitetura correm perigos diariamente para chegar ao “Campus” Santana onde além do lamaçal na entrada ainda tem que enfrentar os perigos da Rodovia Duca Serra, andar quase um quilômetro para chegar a parada e ainda no “Campus” sofrem os perigos de animais peçonhentos que eventualmente aparecem lá.

Exemplos de outras Universidades
 
Plano Diretor da UFPA

Plano Diretor da UFSM









Plano Diretor da UFMG

Plano Diretor da USP



























Referências



sexta-feira, 17 de maio de 2013

SOS Cidades 2013 - Macapá


Meu caro (a) leitor não costumo escrever aqui em primeira pessoa, porém creio que como fiz esse post para relatar o SOS, imagino que não teria maneira melhor de descrever o programa como contando minha experiência pessoal, então este seria acima de tudo um relato particular sobre o evento. Que sem dúvida mudou radicalmente tudo o que pensava sobre arquitetura e sobre como pensar um projeto, como estudante de arquitetura, sinto-me honrado de ter participado dessa experiência incrível. Depois do SOS minha visão de mundo foi expandida, minha visão da arquitetura mudou minhas expectativas agora são outras e meus sonhos agora são outros. De certo modo, sinto-me renovado para enfrentar uma grande jornada.

O que é o SOS?

O SOS Ciudades é um programa internacional realizado pela Taller Sudamérica e pela Faculdade de Arquitetura, Desenho e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires (Fadu-Uba), em parceria com outras instituições de ensino superior da América do Sul. O programa promove um intercâmbio de uma semana entre acadêmicos e docentes destas universidades envolvidas para formulação de projetos de intervenção urbana em alguma cidade de uma região, ambos previamente estudados e analisados, e se possível com a participação de um curso local de arquitetura.
Nos últimos três anos o SOS Cidades dedicou-se a realizar projetos e análises em cidades da bacia amazônica, começando com Iquitos - Peru em 2011, Manaus - Amazonas em 2012 e Macapá - Amapá em 2013, integrando assim a nascente o meio e a foz do Rio Amazonas e da Bacia Amazônica.

Projetos
A metodologia do programa consiste na formação de grupos de trabalho heterogêneos para que haja a máxima troca de conhecimento possível entre os membros, sendo assim em todos os grupos houve acadêmicos estrangeiros e brasileiros, coordenados por um docente estrangeiro e um co-coordenador brasileiro (Embora quase nenhum dos nossos professores tenha participado). Antes de se iniciar os projetos propriamente ditos houve visitas a algumas áreas problemáticas da cidade, que poderiam ser área de grande interesse para propor um projeto de intervenção urbana.

Áreas visitadasCanal das Pedrinhas, Igarapé da Fortaleza e Vila Amazonas

Canal das Pedrinhas
Canal das Pedrinhas
Vila Amazonas



Trabalho dos grupos

Os trabalhos dos grupos ocorreram simultaneamente dentro da Fortaleza de São José, onde os acadêmicos foram divididos em nove grupos de trabalho, sendo que cada professor aplicou sua metodologia e a sua forma de ensinar. Particularmente gostei muito da metodologia aplicada pelo professor coordenador do meu grupo o Prof. Facundo Sniechowsk​i, que consiste primeiramente no olhar coletivo que todos tem ou tiveram sobre a cidade, depois a leitura das cinco escalas (Escala mundo, Escala América do Sul, Escala Amazônia pulmão do mundo, Escala Amapá o estado mais preservado do Brasil e a Escala Macapá a cidade das bacabas e basicamente mantida pelo funcionalismo público), bem como a análise de conceitos como (moradia, produção, identidade cultural e paisagem) e por fim a essência da área de intervenção ou seja, da cidade de Macapá que concluímos que a característica mais marcante da cidade que a diferencia de todas as outras são as áreas de ressacas, abaixo fiz um resumo básico dos projetos apresentados por cada grupo no final do SOS Cidades 2013.



Grupo 1 (Prof. Roberto Szraiber)
Dez estratégias para a transformação do Território
As dez estratégias propostas pelo grupo foram: 01. Consolidação dos portos já existentes, 02. Conexão navegável entre o Igarapé da Fortaleza e o Rio Amazonas, 03. Criação de uma rota de conexão do Amapá com Caribe e Oceano Pacifico, 04. Consolidação do Centro da cidade (Chamada de Cidade Baixa) com verticalização média e baixa, 05. Criação de um novo centro para cidade na região do Marabaixo (Chamado de Cidade alta), onde seria permitida alta verticalização, 06. Criação de uma nova orla interior nas áreas de ressaca paralelo, 07. construção de bairros ecológicos nas bordas das ressacas, 08. Criação de um novo centro de pesquisa e proteção ambiental, 09. Construção de portos interiores nas áreas de ressacas, e 10. Criação de uma rede de transportes com veículos anfíbios.



Grupo 2 (Prof. Michatek)
Janela Amazônica
O grupo abordou a cidade em três eixos principais, o Eixo Norte demarcado pelo Canal do Jandiá, Eixo Central demarcado pelo trajeto da Avenida Padre Júlio e a Rodovia Duca Serra, que juntas formam um eixo viário arterial importantíssimo de Macapá e por fim o eixo sul demarcado pela Avenida Equatorial. Entre as principais propostas do grupo foram no Eixo Norte (Canal do Jandiá), além de uma revitalização seria a construção de um terminal fluvial enquanto no Eixo Central seria a transformação do atual trapiche em um balneário público no Rio Amazonas, tendo em conta o calor abrasador da cidade e a pouca disponibilidade desse tipo de equipamento urbano.
 

Grupo 3 (Prof. Gustavo)
Floresta Urbana
Dentre as principais preocupações do grupo foram em relação ao saneamento básico nas áreas de ressacas, propondo o grupo uma tipologia de habitação popular para áreas de ressacas em paralelo com a infraestrutura de saneamento. Um dos locais de intervenção do grupo foi no Igarapé das Mulheres onde o grupo propõe uma conexão entre as orlas do Perpétuo Socorro e a Beira Rio e também uma praça chamada de "Praça úmida" já que aquela área tem uma grande ligação com o rio, e nesta praça haveria um mirante para o Rio Amazonas com restaurante e local de contemplação da paisagem.


Grupo 4 (Profª. Lucia Stafforini)
O grupo se preocupou com o crescimento populacional de Macapá e Santana, bem como isso iria naturalmente refletir na atividade portuária, tendo em vista que as duas cidades têm grande ligação com os rios, já que o Amapá é o único estado do Brasil que não possui ligação rodoviária com o restante do país. A proposta do grupo se dá na área ao longo da Rodovia JK, e consiste na consolidação de portos para todos os tipos de embarcação e da criação de uma rota econômica e turística entre Macapá e Santana, assim como uma rede de vias conectando as áreas de ressacas ao Rio Amazonas.

Grupo 5 (Prof. Claudio)
O grupo propõe uma intervenção no centro de Macapá através uma reconfiguração urbana, dentre as principais propostas seria a construção de um grande porto de produtos regionais, visando devolver a aquela região seu caráter original de contato com o rio e os produtos da floresta, propõe também um corredor cultural na atual Rua Cândido Mendes, concomitantemente a reconfiguração completa do centro de Macapá, para isso o grupo projetou uma tipologia de edificações modernas tanto para fins comerciais como culturais e habitacionais. E por fim a transformação da Avenida Mendonça Junior em uma via expressa que levaria até a atual área do exército que seria transformada em um centro de alta tecnologia.


Grupo 6 (Prof. Facundo Sniechowsk​i)
A maior ressaca do mundo
Através da análise de escalas, essências e conceitos, o grupo através de uma visão holística e sistêmica propõe 01. Um anel hidroviário ligando o Igarapé da Fortaleza, Lagoa dos índios, Canal do Jandiá ao Rio Amazonas, canal este que poderá ser usado tanto para fins turísticos como para o transporte público, 02. Um zoneamento nas bordas das áreas de ressacas para o uso sustentável voltado para as mais diversas produções agrícolas (Açaí, Banana, Pupunha, Coco, Mandioca, hortaliças etc.) e também para o uso turístico sustentável, 03. E propõe também uma tipologia de habitações para as áreas de ressacas que estaria concomitantemente associada a atividade comercial (Morar e trabalhar no mesmo local).


Grupo 7 (Prof. Cristian)
O.C.A. Ocupação Comunal Amazônica
O grupo parte da análise que Macapá não tem apenas uma orla (Rio Amazonas) e sim duas, pois as áreas de ressacas que são grandes reservadas de água também forma outra orla, uma orla interior. Então partindo desta análise o grupo propõe uma ocupação sustentável desta orla interior, e propõe integrar a população da cidade com a paisagem natural das ressacas, para isso o grupo também propõe uma nova tipologia de habitação e de passarelas nas áreas de ressacas (Com cobertura, iluminação, canalização para saneamento, eletricidade, telefone, internet etc.) agregando diversos serviços públicos para essas áreas, como uma medida de tirar essas populações da situação de marginalização que se encontram atualmente.


Grupo 8 (Prof. Fernando Servidio)
Um modelo de cidade amazônica
O grupo propõe um novo conceito de cidade amazônica, tendo em vista que atualmente, nossas cidades crescem de costas para a floresta e para sua relação história com os rios, sendo assim o grupo propõe várias tipologias de habitações e edificações das mais variadas funções. O grupo também propõe algumas conexões entre Macapá e Santana, e prevendo o crescimento da mancha urbana e da população de Macapá até 2020, e tem como proposta a ocupação sustentável das bordas das áreas de ressacas.
Grupo 9 (Prof. Andres Gomez)
O grupo partiu da análise sistemática de ver a Região Metropolitana e não somente Macapá ou Santana isoladamente, com isso o grupo propõe um complexo integrado de equipamentos urbanos prevendo o surgimento e crescimento da metrópole amapaense que até 2030 deverá ver mais de 1 milhão de habitantes, o complexo parte do eixo ao longo da Rodovia Duca Serra e integra aeroporto, Porto de Santana, Rodovias e Ferrovia. Que se configuraria em um Porto Turístico-Comercial no Centro de Macapá, Um pólo cientifico na região da Lagoa dos índios, Um terminal multimodal ligando Rodovia e Ferrovia no Marabaixo, Um terminal comercial (Porto Seco) no atual Distrito Industrial e se conectando ao Porto de Santana (Porto Global) que conecta o Amapá ao Brasil e ao mundo.


A integração

O intercambio não se limitou somente a troca de conhecimento sobre arquitetura e urbanismo, mas também se expandiu para uma verdadeira troca de culturas e de experiências de vida, de acadêmicos de duas realidades tão diferentes e distantes mas ao mesmo tempo tão próxima quando se trata de pensar o futuro das cidades, sobretudo na nossa região amazônica onde ainda há muito o que se fazer no quesito planejamento urbano. E mesmo o ritmo dos grupos de trabalho tenham sido exaustivos, principalmente nos últimos dias, todas as noites mal dormidas, e cansaço que normalmente nos abateu, ninguém arredou o pé, todos tinham algo ou várias coisas que os motivavam, e uma delas sem dúvida era o fato de está projetando não por obrigação, mas por paixão, paixão pela arquitetura, paixão pela cidade em que vivem e paixão de estarem vivendo um momento único na vida, que muitos souberam na hora de que aquela momento não se repetiria mais, como diz a letra de Lulu Santos “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia (...) tudo passa, tudo sempre, passará...”. E como disse Einstein “Uma mente que se abre para uma nova idéia jamais voltará a seu tamanho original”, creio eu que a mesma coisa que eu deva ter sentido não deve ter sido um sentimento isolado e sim coletivo, os acadêmicos de arquitetura da Unifap e Ceap jamais verão a arquitetura da mesma maneira.

Primeira noite de festa
Apresentação de Batuque no
Curiaú










Documentário produzido por Julian Peña e Sebastián Alonso para o encerramento do SOS Cidades 2013:



Referências

segunda-feira, 25 de março de 2013

Obras de arquitetos famosos no Amapá



Muito embora Macapá e o estado do Amapá como um todo não tenha mais um centro histórico com características coloniais, como nos tempos da Vila de São José de Macapá, ou um complexo de construções modernas de uma cidade planejada como Palmas ou Brasília, por exemplo. Ainda sim quem olhar com mais atenção para algumas construções na capital amapaense verá que certas edificações ou intervenções urbanas se destacam arquitetônica ou urbanisticamente na paisagem amapaense, tornado-se marcos visual, referências regionais ou grandes áreas de convívio social, sendo muitas dessas edificações ou intervenções paisagísticas projetadas por alguns dos mais famosos arquitetos, urbanistas ou paisagistas do Brasil. Ou seja, mesmo não sendo conhecida por ter uma rica arquitetura ou pelo excelente planejamento urbano, Macapá possui sim alguns ótimos exemplares da arquitetura e do urbanismo moderno.

E dentre muitas obras destaco, em ordem cronológica, especificamente algumas das mais importantes do estado e seus respectivos projetistas e são eles: Oswaldo Arthur Bratke que projetou as Company Towns de Serra do Navio e Vila Amazonas nos anos 50. João Batista Vilanova Artigas que em Macapá Projetou a Escola Tiradentes, o prédio da Secretaria de Infraestrutura (Seinf), e o prédio da Polícia Militar nos anos 70. Rosa Grena Kliass que projetou o Parque do Forte no entorno da Fortaleza de São José nos fins dos anos 90, entretanto o projeto só iria ser finalizado em 2006. E João da Gama Filgueiras Lima, mais conhecido como Lelé que projetou o Hospital Sarah Kubistchek de Macapá inaugurado em 2005.

Oswaldo Bratke
Oswaldo Bratke nascido em Botucatu em 24 de agosto de 1907 - São Paulo e morreu em 6 de julho de 1997 foi um dos principais nomes da arquitetura paulista. Diplomou-se em 1931 como arquiteto-engenheiro pela Universidade Mackenzie. Dois anos depois começa uma sociedade com o arquiteto Carlos Botti, com quem realiza inúmeros projetos residenciais, principalmente em São Paulo e em 1938 ele desenvolve o projeto de reforma e ampliação do Parque Balneário de Santos e do Gran Hotel de Campos do Jordão.

“Sempre acreditei que uma implantação urbana deve ser feita à feição de seu morador e não uma imposição à qual ele tenha de se adaptar.”
(Oswaldo Bratke)

Serra do Navio e Vila Amazonas


Serra do Navio (Acima) e Vila Amazonas (Abaixo)

No Amapá Oswaldo Bratke foi responsável pelo projeto de duas company towns iniciadas em 1957 pela ICOMI (Industria Comércio e Mineração), a Vila de Serra do Navio, atualmente um município e Vila Amazonas localizada no município de Santana. Uma próxima a mina (Vila de Serra do Navio) e outra próxima ao porto (Vila Amazonas). Na vila de Serra do Navio foram construídas 334 habitações em 4 tipologias diferentes. Na qual cada modelo de casa era destinado a abrigar uma determinada hierarquia de funções na empresa. Estava também contida na proposta alojamentos para operários, dois clubes sociais, uma escola de ensino fundamental, um hospital que durante muito tempo foi referência internacional, dois restaurantes, uma igreja ecumênica e um centro de compras. No caso da Vila Amazonas foi construída quase o mesmo número de habitações, alojamentos, dois clubes sociais, uma escola de ensino fundamental, dois restaurantes, um centro de compras e um cinema.

Vilanova Artigas
Vilanova Artigas nasceu em Curitiba em 23 de junho de 1915 e morreu em São Paulo em 12 de janeiro de 1985 foi um arquiteto brasileiro cuja obra é associada ao movimento arquitetônico conhecido como Escola paulista. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Tornou-se depois um dos professores mais envolvidos com os rumos desta nova escola, junto ao arquiteto Carlos Cascaldi projetado o novo Prédio da FAU-USP, sua obra mais conhecida. Embora tenha vivido no Brasil na década de 1970, foi impedido de atuar plenamente pelo regime militar. Seu retorno à faculdade se deu em 1979, fruto do processo de anistia instaurado no país a partir daquele ano, e foi celebrado pelos alunos. Continuaria a lecionar na FAU-USP até sua morte, em 1985, morreu poucos meses antes da queda da ditadura militar e da redemocratização do país.
Prédio da Seinf 
Prédio da PM-AP

Escola Tiradentes










Vilanova Artigas é o arquiteto que mais tem projetos em Macapá, todos da década de 70 quando o Amapá ainda era Território Federal, ele projetou três notáveis edificações; Escola Tiradentes, prédio da Polícia Militar do Amapá (PM/AP) e o prédio da Secretaria de Infraestrutura (SEINF). Atualmente as obras de Vilanova Artigas em Macapá encontram-se em diferentes estados de conservação, a Escola Tiradentes encontra-se bastante alterada em seu projeto original, com a colocação de telhas de barro ao invés de um jardim suspenso como era previsto no projeto original. O prédio da Seinf encontra-se hoje relativamente bem preservado entretanto, bastante escondido seja por outras construções no entorno, seja pela vegetação que esconderam essa edificação da paisagem da cidade. O prédio da Polícia Militar é hoje a obra em melhor estado de conservação de Vilanova Artigas em Macapá, e está relativamente bem presente na paisagem urbana da cidade.

Lelé
Lelé
Formou-se arquiteto pela Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, em 1955 e sob influência de Oscar Niemeyer e Nauro Esteves, mudou-se para Brasília ainda recém-formado, em 1957, ano em que foi iniciada a implantação do plano piloto de Lucio Costa. Neste período, construiu, projetou e colaborou com Oscar Niemeyer na construção da cidade. Trabalhou na Universidade de Brasília de 1962 a 1965, quando pediu demissão junto com 209 professores e servidores, em protesto contra a repressão na universidade. Atualmente Lelé atua como diretor do Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS), onde desenvolve os projetos e a execução dos novos hospitais da rede trabalhando para a CTRS.

Hospital Sarah Kubischek de Macapá
Hospital Sarah Macapá
Inaugurado em 20 de dezembro de 2005, o Posto Avançado Sarah-Macapá é um centro de Reabilitação Infantil. O Sarah-Macapá é o primeiro da Região Norte, situa-se a 500 metros do monumento Marco Zero, por onde passa a Linha do Equador. O Sarah-Macapá está interligado às demais unidades da Rede SARAH por tecnologia de telecomunicação, que propicia discussão de casos clínicos e exames, inclusive em tempo real, por meio de vídeo-conferência. O Sarah Macapá segue as características dos demais hospitais projetados por Lelé como o telhado, que lembra ondas estilizadas, sua marca registrada, viabiliza o sistema que permite a captação de luz, através de grandes janelas próximas ao teto O trabalho de Lelé injeta beleza, cor e energia no ramo nada glamouroso da arquitetura hospitalar, onde imperam o funcionalismo sem inspiração ou, quando há dinheiro, o novo-riquismo à brasileira. "A arquitetura de hospitais nunca mereceu maior importância. Muitos profissionais têm usado até conceito de shopping centers para clínicas".

Rosa Kliass
Rosa Kliass formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada predominantemente à arquitetura paisagística. Rosa Kliass é uma arquiteta-paisagista brasileira, considerada uma das mais importantes na história do Paisagismo brasileiro moderno e contemporâneo. Rosa Kliass é conhecida como "criadora de cartões postais", já que muitas de suas obras Brasil á fora se tornaram atrações turísticas tais como; Mangal das Garças e Estação das Docas em Belém, Parque da Lagoa e Parque das Esculturas em Salvador, Reforma do Vale do Anhangabaú e Parque da Juventude em São Paulo e o Parque do Forte em Macapá.

Parque do Forte
Parque do Forte no entorno da Fortaleza de São José de Macapá
No dia 10 de junho de 2006, às 17 horas, era inaugurada uma das mais importantes obras realizadas em todo o Estado do Amapá – O Parque do Forte. O governo do Estado distribuiu um convite que tinha o seguinte texto motivador para a presença no grande evento: “Vamos dar as mãos numa grande corrente e abraçar o nosso maior patrimônio histórico cultural: a Fortaleza de São José e participara da inauguração do Parque do Forte”. Construído no entorno da Fortaleza, despontando como o maior espaço de lazer da cidade. Passados sete anos desde sua inauguração hoje o Parque do Forte já se encontra em uma triste situação de abandono e esquecimento por parte do atual governo do estado (O responsável legal pelo parque), todos os elementos paisagísticos estão praticamente destruídos, e o local que ainda se mantém como o principal espaço de lazer da cidade está cada vez mais escuro, violento e com poucos atrativos para o convívio social.
Parque do Forte atualmente
Referências: