terça-feira, 30 de novembro de 2010

Onde estão as ciclovias?



Atualmente, os carros tomam conta cada vez mais das ruas em todas as cidades do Brasil, o aumento do poder aquisitivo da população, o crescimento da classe média, e as facilidades de financiamentos de um automóvel, estão colaborando para que as ruas e avenidas de todas as cidades brasileiras ganhem cada vez mais veículos. Macapá não fica atrás, a frota da cidade está próximo de 80 mil carros, o que para uma cidade próxima de 400 mil habitantes significa que de cada 4 moradores aproximadamente 1  já possui pelo menos um automóvel, mas se observar-mos  isso ainda é muito pouco se comparado com outras capitais da própria Região Norte: Boa Vista 270 mil habitantes, 100 mil carros. Rio Branco 305 mil habitantes, 100 mil também a Jovem Palmas, por exemplo, que tem apenas 20 anos de existência e surgiu literalmente do nada, possui 190 mil habitantes e 95 mil carros, quase 1 para cada 2 habitantes.

 Porém nenhuma dessas cidades foi planejada para absorver tantos veículos (Com exceção de Palmas, que foi planejada para 2 milhões de habitantes e 1 milhão de veículos), em Macapá nos já vemos os primeiros problemas de trânsito em alguns momentos do dia em determinadas ruas. Apesar de a cidade ter largas vias ela não foi planejada com grandes vias expressas de interligação para escoar um grande número de veículos. Acho que quem pensou Macapá certamente acreditava que ela nunca fosse crescer. Um grave problema de trânsito é a ligação Zona Norte- Centro, feito por apenas uma ponte, ou melhor, uma grande lombada, que ameaça desabar a qualquer momento, congestionamentos e trânsito lento são freqüentes por lá.

Claro que para quem tem carro, só vê vantagens: praticidade, liberdade e rapidez são algumas delas, porém existem situações em que o carro não é tão necessário como por exemplo para ir até a farmácia da outra esquina, ou quando você está no centro da cidade e precisa resolver alguns problemas em prédios próximos e se você não quer ter o trabalho de pegar o carro novamente, “dar o balão” e procurar uma vaga para estacionar  a bicicleta seria uma boa opção. Para estudantes ou trabalhadores que não tem carro e não querem enfrentar o caótico transporte coletivo e ainda se exercitarem enquanto chegam á escola ou ao trabalho a bicicleta é ótima, ótima também para o lazer nos fins de semana. Tudo muito bem, tudo muito bom, mas ai vem à pergunta que não quer calar: Onde estão as ciclovias?

Ciclovia modelo
Ciclofaixa

Onde estão eu também não sei assim como você, mas posso dizer onde poderiam estar. Macapá tem vias largas como bem já disse, cidades com ruas bem mais estreitas já conseguiram implantar dezenas de quilômetros de ciclovias, ciclofaixas, vias cicláveis ou faixas especiais com também podem ser chamadas, se elas conseguiram por que Macapá também não pode?  O trânsito da cidade precisa ser modificado para receber essas ciclovias, isso não é nem tão caro nem tão difícil, basta vontade política dos governantes, educação dos motoristas para respeitas as ciclofaixas e também dos ciclistas para andar nelas. Projetos assim já estão sendo implementados em várias outras capitais e em muitos outros países, em algum deles mais da metade da população só anda de bicicleta por que enxergaram as vantagens como: Gasto com combustível é zero, poluição também é zero e você ainda se exercita enquanto de locomove. 

Posto de Aluguel de bicicleta - Londres
Outra alternativa nem tão cara nem tão difícil de ser implantada é o aluguel de bicicleta, como é feito em diversos países da Europa e também em algumas cidades do Brasil, funciona assim: você aluga uma bicicleta por  3 horas em um posto de bicicleta a um preço bem camarada de R$ 2 a  R$ 4 , as bicicletas são rastreadas com sensores para impedir furtos e uma trava de segurança, caso passe do horário a bicicleta é bloqueada e um alarme toca, você resolve tudo o que tem para resolver e entrega a bicicleta em qualquer posto, assim que terminar. Nas cidades onde as ciclovias e os alugueis de bicicleta foram implantados, aqui mesmo no Brasil , ouve uma despencada nos números de acidentes de trânsito em até 50%, uma vez que os ciclistas passaram a ter seu próprio espaço, e nas cidades onde os alugueis de bicicletas foram implantados ouve uma significativa redução dos congestionamentos nos horários de pico.

Verde pra quê te quero!




Amazônia, é uma das regiões mais importantes do planeta, reúne sozinha metade de toda a biodiversidade da Terra, mais da metade de toda a água doce do mundo está na Amazônia também, de cada 10 litros de água doce jogados nos oceanos por todos os rios do mundo 5 são jogados apenas pelo Rio Amazonas.
Corredores de Mangueiras, Belém -PA 
As cidades da Amazônia durante anos cresceram virando as costas para a floresta cresceram fingindo que não estavam ali, que estavam em algum outro lugar de clima mais frio ou menos úmido talvez, resultado disso é a falta de arborização e áreas verdes, e inúmeras construções não adequadas ao clima amazônico. Na maioria das capitais da região, especificamente em Macapá a situação eu considero um pouco séria, a cidade em uma primeira vista tem muitas árvores, porém se você analisar com mais atenção a maior parte das árvores estão no interior dos terrenos, é muito difícil andar uma rua inteira debaixo das sombras das árvores, tanto por que quase não há ruas arborizadas, salvo raras exceções, tanto por que não há calçamento adequado, salvo raras exceções também. 

Se no centro da cidade a situação e preocupante nas periferias especialmente na Zona Norte a situação e desesperadora, os bairros dessa zona foram construídos da seguinte forma: Desmatando tudo, abruptamente tudo, e só depois com o terreno descampado que se dividiram os lotes sem a mínima estrutura urbana, resultado, hoje são bairros extremamente quentes, com climas secos e um ar com muita poeira, se tivesse havido um planejamento para deixar a vegetação lá existente nas áreas onde ficariam as calçadas, canteiros e praças pouco disso estaria acontecendo.

Rua Cândido Mendes, Macapá - AP
O Sol e o calor que na região Norte é escaldante por natureza, em Macapá naturalmente insuportável, com falta de arborização adequada e áreas verdes tornam-se infernal. As árvores em uma cidade servem para infinitos fatores positivos, tais como melhoram a umidade, aumentando a ocorrência de chuvas, geram sombras para a população, diminuindo a sensação térmica de calor, que todos sentimos, serve para absorver grandes quantidades de água da chuva, colaborando contra enchentes e erosões, serve também para reduzir o nível de radiação solar que entra nas construções, serve para melhorar a qualidade do ar respirado, e serve também para tornar a cidade mais bela e atrativa. Logo por que não dizer também garante melhor qualidade de vida.

Iniciativas simples podem melhorar a vida de todos, especificamente em cidades sem economia sólida onde o poder público é o centro da economia a população costuma esperar que o estado faça tudo, claro que este tem seu papel fundamental, propostas simples e eficazes podem fazer uma grande diferença, como plantar árvores na frente de casa, construir calçadas adequadas para a circulação das pessoas, acredito que muitos tem condições de fazer isso, alternativa que está sendo muito difundida em várias regiões do mundo é bem simples, pintar o telhado de branco, além de refletir a radiação solar em mais de 70% diminui a temperatura do ambiente de 1 ºC a 3 ºC.

O poder público não pode fazer tudo, mas as coisas mais importantes são sua maior obrigação, nas regiões mais centrais da cidade, por exemplo, poderiam fazer em comum acordo com os donos de estabelecimentos comerciais um grande programa de arborização, se todos enxergarem as vantagens de se ter um centro comercial arborizado onde os consumidores não sofram tanto com o calor e radiação excessiva, sem dúvida  compradores e vendedores se sentiriam muito mais confortáveis para vender e comprar. Imagine viver em uma cidade bem arborizada, acho que está na hora de pensamos como amazônicos e construir e pensar em projetos adaptados para nosso clima, para a nossa temperatura.
 
Via arborizada em Belém do Pará
Via arborizada na Europa

Macapá uma pequena grande cidade!



Macapá, uma cidade que em 2010 completou exatos 252 anos, para muitas cidades isso seria motivo de orgulho e muitas conquistas, certo? Bem em parte. Mesmo sendo uma cidade fundada há mais de dois séculos, Macapá possui poucas evidências de seu passado colonial, excerto pela maravilhosa Fortaleza de São José na foto á cima, cartão de visita da cidade e do estado do Amapá. Quando foi criado e Ex-Território Federal do Amapá, Macapá tinha um conjunto de casas coloniais com arquitetura do século XVIII, casas simples e mal conservadas sim, mas ainda sim, dignas de respeito por conta de seu tempo e de sua arquitetura colonial. O então primeiro governador do Amapá Janary Nunes, chegou a região com a missão de "civilizar". Destruindo casas colonias, para dar lugar as casas modernas do século vinte, acabando com as ruelas estreitas, típicas de cidades antigas e mal planejadas, para dar lugar as largas avenidas que conhecemos hoje, e interferindo na organização social, retirando todos os negros da frente da cidade e colocando-os no Bairro do Laguinho.Histórias muito conhecidas por todos os macapaenses.

No entanto todas essas intervenções urbanas e sociais provocadas pela criação do Território Federal do Amapá e a total remodelação de Macapá, geraram efeitos até os dias de hoje. O plano piloto original proposto para Macapá, que hoje se encontra no Museu Joaquim Caetano da Silva, jamais foi colocado em prática, todos os governos do então T.F. Amapá sem exceção foram marcados por muitas práticas muito comuns no meio politico até os dias de hoje, Corrupção, Nepotismo, Superfaturamentos ou simplesmente falta de interesse pelas questões mais básicas de uma cidade como por exemplo no saneamento básico. Passados quase 70 anos de criação do Amapá e de Macapá como Capital de uma unidade da Federação, em 2010 nos deparamos com seríssimos problemas, urbanos, sociais e por que não dizer também culturais, gerados por uma simples canetada de Getúlio Vargas em 1943. Macapá hoje começa seu processo de verticalização, porém essa verticalização, inevitável no processo de evolução de todas as cidades, esbarra em algúns problemas: Falta de rede de esgoto que dê suporte, falta de energia energia elétrica, entre outros.

Macapá tem outro problema sério o deficit habitacional, metade da população não tem casa própria, uma parte desse contingente mora nas ressacas (Áreas alagadas) em condições sub-humanas, e a outra sofre trabalhando para pagar aluguel, que não é barato na cidade, sustentando a boa vida dos donos de casas. Programas habitacionais são quase inexistentes, financiamentos pela Caixa Econômica Federal são raríssimos, pouquíssimas casas atendem as exigências da caixa, por diversos fatores (Legalização do terreno, projeto arquitetônico e hidráulico etc.).Os edifícios e recentes lançamentos imobiliários são parceiros da caixa, e atendem todas as suas exigências, logo fica mais fácil para milhares de famílias financiar um apartamento, querendo ou não esses empreendimentos forçarão o poder público a investir no saneamento básico coisa que não fez de maneira séria dos últimos 70 anos.

Acredito que deva haver um acordo entre população, poder público e claro a iniciativa privada para promover o desenvolvimento, não só do setor habitacional mas principalmente do saneamento básico, fundamental para a qualidade de vida de toda a população. E isso não se aplica somente a Macapá, e sim a todas as cidades do Brasil.