segunda-feira, 13 de junho de 2011

E a preservação arquitetônica, por onde anda?


No Brasil tem-se a cultura de buscar o novo, e rejeitar o que é velho ou antigo, seja nas músicas, nos filmes, nas pessoas e é claro até na arquitetura. Seria injusto atribuir esta característica somente ao Brasil, na realidade, faz parte de uma sociedade globalmente burguesa e capitalista que descarta o antigo, o fora de moda e trocar pelo novo, pelo jovem pelo moderno.
Casarões portuqueses do centro histórico de Belém

Falta de visão que descaracteriza a arquitetura original


Na atualidade boa parte das cidades que tem um centro histórico enfrenta o mesmo problema, a falta de preservação do patrimônio histórico arquitetônico. Em Belém essa realidade não é diferente, aqui e ali, encontram-se vários casarões sobreviventes dos períodos colonial, imperial e da belle époque amazônica, e que hoje estão sobrevivendo ao tempo, ao rigoroso clima da cidade, e mais recentemente enfrentam uma ameaça mais poderosa que o tempo: a especulação imobiliária.
Casarões abandonados

Casarões abandonados

Belém é uma cidade que simplesmente não tem mais para onde crescer horizontalmente, ou pelo menos é o que o senso comum diz, na realidade ainda existem inúmeras áreas em Belém onde poderia se construir novos bairros, parques, escolas e hospitais, porém estes valiosos espaços encontram-se sobre a tutela das forças armadas e demais instituições públicas. Como resultado desta má administração e da falta de planejamento, Belém passou a crescer verticalmente e de maneira muito acelerada e o mais grave, de maneira desorganizada.
Valorização imobiliária e desorganização na construção de edificios
Rua já descaracterizada pelas construções atuais


A falta de incentivo, por parte tanto do poder público como da iniciativa privada da capital paraense, no que diz respeito à preservação dos antigos casarões, acabou por gerar uma triste realidade. A parte antiga da cidade hoje sofre uma rápida e triste descacterização arquitetônica, casarões abandonados e literalmente caindo aos pedaços não são difíceis de encontrar, lojas que modificaram construções antigas para “modernizá-los”, e construtoras que compram casarões para esperar que eles desabem, para depois construir modernos edifícios mostram não só a falta de identificação, como a falta de visão de empresários, políticos e da própria população da cidade com sua história.


Bons exemplos no Brasil não faltam para mostrar que a revitalização de áreas antigas, não só reduzem índices de violência, melhora a qualidade de vida e gera valorização da região, dando vida nova a esses lugares como também é um grande atrativo turístico e comercial. Tem-se a impressão que Belém está perdendo o “bonde da história” mais uma vez, as elites locais têm muita pressa para fazer da metrópole da Amazônia uma cidade nada amazônica, que esqueceram que se mantivessem o patrimônio histórico teriam uma cidade muito mais valorizada, charmosa e única, que somente Belém consegue ser.

Bons exemplos:

Centro histórico de João Pessoa

Centro histórico Fortaleza

Pelourinho - Salvador