sexta-feira, 4 de março de 2011

Belle Époque Amazônica



Belle Époque (bela época em francês) começou no final do século XIX (1871) e durou até a eclosão da primeira guerra mundial em 1914 foi considerada uma era de ouro da beleza, inovação e paz entre os países europeus e suas influências se espalharam pelo mundo chegando até a Amazônia.

Na Amazônia a belle époque deu-se por conta do boom provocado pela riqueza proveniente da extração do látex (Borracha) extraído da árvore havea brasiliensis, e o período entre 1870 e 1913, foi uma época sem igual para Belém e Manaus, os centros da economia da borracha. Após a queda do império e a implantação da república, os ideais positivistas, modernizantes e progressistas do novo regime não demoraram a chegar a região, uma vez que com a implantação do federalismo os estados ganharam autonomia para recolhimento e aplicação dos impostos, o que possibilitou as elites locais avançarem ainda mais no seu projeto de civilização européia em plena região amazônica.

A economia da borracha e o sistema de aviamento 

Para a consolidação do novo ciclo econômico, várias mudanças se fizeram necessárias, primeiramente precisava-se de mão de obra para extrair o látex, na época abundante na floresta amazônica, para suprir a falta de trabalhadores buscou-se no exterior e sobretudo no nordeste onde a população passava uma das piores secas da história. Criou-se o sistema de aviamento que consistia na contratação de trabalhadores no nordeste e seu translado para a Amazônia, chegando a região os mesmos eram submetidos a um sistema de escravidão, pois os mesmos chegavam já endividados por conta das passagens e ainda pior só poderiam vender a borracha e comprar produtos de sua necessidade no barracão do seringalista ou coronéis da borracha (Donos de Seringais) o que obrigava os seringueiros (trabalhadores da borracha) a ficarem eternamente em débito e presos ao seringal.

Nas cidades: O luxo e a opulência
(Moda européia entre as  damas 
da elite seringalista - Belém 1916)
Na floresta: Miséria, semi-escravidão
(Seringueiros extraindo 
o látex da seringueira)


Os centros da economia da borracha eram Belém e Manaus, onde vinha toda a borracha produzida nos seringais, as cidades serviam de entrepostos comerciais para compra e venda do látex, uma vez que na época a Amazônia detinha o monopólio do produto, já que não existia havea brasiliensis em nenhum outro lugar do mundo. Enquanto a moeda brasileira era o Réis, na Amazônia a moeda da borracha era a Libra Esterlina da Grã-Bretanha, uma vez que era a moeda mais valorizada da época e os britânicos eram os principais compradores, e na Europa a borracha era utilizada na industria automotiva, na fabricação de bolsas, sapatos e diversos outros produtos, o que mostra a importância que o látex da amazônia tinha para a economia mundial.

Reurbanização de Belém e Manaus
Interior do Teatro Amazonas - Manaus
Teatro da Paz  - Belém

O boom provocado pela riqueza advinda da extração da borracha e as custas da escravização de milhares de seringueiros, trouxe para as principais cidades da Amazônia milhares de imigrantes europeus e de outras regiões do Brasil, que vieram sobretudo para lucrar com o pujante ciclo econômico, com isso a nova elite aristocrática-seringalista da região traçou um projeto de civilização européia, importando além de produtos de luxo e a arquitetura, bem como os costumes e tradições puramente europeus para a Amazônia. Dentro deste contexto era necessário reurbanizar os centros da economia gomífera, e Paris serviu de modelo neste período, um espelho de civilização de não deveria ser apenas imitado e sim copiado em todos os seus aspectos. Criando uma certa dicotomia, pois se por um lado havia um forte dependência econômica da Inglaterra, por outro havia uma forte ligação com a França. Dentro deste contexto duas personalidades foram igualmente significativas para este processo de reurbanização, Antônio Lemos em Belém e Eduardo Ribeiro em Manaus. 


Belém "A Paris N'América"


 
Planta da Cidade de Belém - 1904

Intendente Antônio Lemos
Antônio Lemos, maranhense, implantou em Belém uma rígida administração objetivando modernizar, sanear e embelezar a capital paraense, aos moldes de Paris, para isso criou um código de postura que pretendia fazer a população adotar hábitos mais europeus, para isso construiu grandes boulevards, arborizou ruas, construiu monumentos, implantou o primeiro sistema de iluminação elétrica do país, construiu calçadas de mármore, praças e bosques, implantou e expandiu o primeiro sistema de bondes elétricos do Brasil, além de estimular as construção de palácios e palacetes em estilo neoclássico e art noveau, assim como da adoção de uma rígida politica de cobrança de impostos e de controle dos gastos públicos, também mantinha os principais locais públicos em constante vigilância, afim de garantir a proteção da elite seringalista.







Manaus "A Paris Tropical"

Planta da Cidade Manaus em 1914

Intendente Eduardo Ribeiro

Eduardo Ribeiro, maranhense, transformou Manaus de uma vila em cidade em poucos anos, durante sua gestão foi criado o primeiro plano diretor urbano de Manaus, além da implantação do primeiro sistema de água e esgoto, sistema de telégrafo, bondes e iluminação elétrica, além do Teatro Amazonas, Palácio do governo, Palácio da Justiça e o Porto Flutuante todo construído em ferro importado da Inglaterra, durante sua gestão também houve uma austera politica de aumento da cobrança e bem como da arrecadação de impostos, durante sua gestão que Manaus passou a ser conhecida como a "Paris dos trópicos".


  



A quebra da economia da borracha

O monopólio da borracha fazia com que os seringalistas da Amazônia cobrassem altíssimos preços pelo produto, entretanto no inicio do século XX, os britânicos, maiores compradores, passaram a traficar milhares de mudas de havea brasiliensis, para suas colônias na Malásia, uma região tropical com um clima muito semelhante ao da região amazônica, as mudas traficadas passaram a crescer lá, em menos tempo, e plantadas em série, coisa que era impossível de se fazer na  Amazônia a época, por conta das pragas, logo os custos e o tempo de produção era mais baixos, a qualidade mais elevada, do que a borracha produzida na Amazônia, e os britânicos não tinham mais que pagar impostos uma vez que estavam agora produzindo borracha em suas próprias colônias.


O ano de 1913 foi marcado pelo inicio da exportação da borracha produzida na Malásia e o inicio do crise econômica da economia gomífera na Amazônia, que em 1912 registrou a maior exportação da história e chegou a ser o segundo maior produto de exportação brasileira. O rápido declínio fez desmoronar não apenas um ciclo econômico, mas uma sociedade inteira. Sem atenção do governo federal para a crise, e sem haver como competir com o látex malasiano os velhos e rudimentares seringais da Amazônia quebraram, e depois de décadas de absoluta ostentação, não havia nada que os governos locais pudessem fazer, ao longo de décadas os centros econômicos da região investiram muito mais em embelezamento das cidades ao invés de industrias ou outras atividades econômicas, era tarde demais, a Amazônia estava quebrada, e permaneceria em um estado de abandono pelas seis décadas seguintes.

 Abaixo, algumas construções do período da belle époque:
Belém 
Mercado de Ferro do Ver-o-peso 
Palacete Bolonha  
Coreto de Ferro -
Praça Batista Campos 

Teatro da Paz - 1878




Loja Paris N'América


















Manaus

Teatro Amazonas - 1896
Coreto de Ferro - Praça da Polícia 













Ponte de ferro Benjamin Constant



Mercado Adolpho Lisboa











Referências:

http://noamazonaseassim.com.br/tudo-sobre-o-ciclo-da-borracha-dos-primordios-ate-1920/


20 comentários:

  1. Período de rica beleza arquitetônica.



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  2. excelente conteúdo!!!Parabéns!!!

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  3. muito bom d+ consegui o assunto que tava procurando, agora é so estuda e apresenta na escola
    ^_^

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  4. E muito bom estudar a história da borracha

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  5. muito bom faltou só questões relacionada ao tema

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  6. Quais eram os influenciadores ideais?????

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  7. Quem foi o governador amazonense no período da Belle Époque??????

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  8. INFELIZMENTE A MAIORIA DAS PESSOAS VIVEM NUMA TOTAL IGNORÂNCIA DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA. POIS DEVEMOS CONHECER A NOSSA HISTÓRIA PARA ENTENDERMOS MELHOR O PRESENTE E O FUTURO.

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  9. Muito interessante saber da nossa própria história

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