O
que é o Retrofit?
Retrofit vem do inglês
e ao pé da letra pode significar o que popularmente todos nós conhecemos como
reforma, mas no meio da construção civil, em especial entre arquitetos e engenheiros
o Retrofit tem o sentido de atualizar, modernizar, adaptar para a realidade
atual e as novas exigências do mercado e do grande capital, as edificações e
espaços degradados pelo tempo ou pela má conservação, dando-lhes conforto
térmico-acústico, acessibilidade, novas tecnologias, eficiência energética,
novos sistemas de comunicação e segurança, ou seja, compatibilizando a
construção com as atuais legislações urbanas e lhes re-agregando valor. Em síntese
o Retrofit é um renascimento da construção ou do local, colocando o antigo em
boa forma e contribuindo para manutenção e preservação do patrimônio
arquitetônico original.
Retrofit
na Arquitetura
Apesar de muito
semelhante, não seria apropriado se referir ao Retrofit como uma espécie de reconstrução,
pois esta ficaria a cargo de uma simples restauração, ao invés disto,
busca-se o renascimento. No mundo da construção, a arte de retrofitar está
aliada ao conceito de preservação da memória e da história. Que está na raiz do termo Retrofit,
que surgiu na Europa e nos Estados Unidos onde as rígidas leis de manutenção do
patrimônio histórico e arquitetônico impedem certos tipos de reformas ou
reconstruções tradicionais, exigindo assim que fosse desenvolvida uma nova
técnica na construção civil que requalifica-se a construção.
Segundo a arquiteta doutora Roberta
Consentino Kronka Müilfarth, do Labaut (Laboratório de Conforto Ambiental e
Eficiência Energética da Universidade de São Paulo), “essa requalificação pressupõe tornar o edifício mais
"sustentável", pois ataca-se o problema do consumo exagerado de água
e energia, apostando na ventilação natural do edifício, reúso de água, uso de
água de chuva e outras alternativas. "É uma prática arquitetônica dentro
do desenvolvimento sustentável", acredita Roberta
Retrofit
no Urbanismo
Puerto Madero - Buenos Aires - Argentina |
A técnica do Retrofit
não se aplica apenas em edificações, mas também pode ser aplicado a áreas
urbanas inteiras, o que está acontecendo cada vez mais em grandes projetos de intervenções
urbanísticas, que visam o renascimento de determinada área ou região, que pode
ou não dependendo do projeto manter sua função original, mas na maioria dos
casos o Retrofit aproveita o espaço, a arquitetura e a tradição do local e a
reconfiguram para uma finalidade totalmente diferente de sua função inicial.
Na região Norte temos
alguns exemplos de retrofit urbano aliado a restauração, um dos exemplos mais
conhecidos, talvez a nível internacional seja a Estação das Docas em Belém, inspirado
no projeto de Puerto Madero em Buenos Aires, aproveitou-se galpões erguidos no
final do século XIX para armazenar borracha e que ficaram abandonados e
sub-utilizados por décadas para serem reconfigurados em um grande centro de
lazer, turismo e contato da população belenense com a Baia do Guajará, e que
hoje é um dos principais locais de lazer da capital paraense.
Estação das Docas (Antes e Depois) - Belém |
Em Macapá também temos
um belo exemplo do uso da técnica do retrofit em conjunto com a restauração e o
paisagismo, o Projeto do Parque do Forte concluído em 2006, aproveitando a área
do entorno da Fortaleza de São José de Macapá que se encontrava totalmente
subutilizada criou-se um grande espaço de lazer e turismo que até então a
capital macapaense não possuía, e que hoje é reconhecidamente a principal área
de passeio da população.
Parque do Forte (Antes e Depois) - Macapá |
O retrofit urbano transforma áreas
obsoletas e até com problemas sociais em áreas economicamente e socialmente
ativas, onde a degradação e violência dão lugar à renovação urbana e maiores
consciência e cuidado com o meio. "Na Europa é muito comum a
requalificação urbana onde até bairros inteiros são transformados, em oposição
à expansão urbana", explica Roberta. De acordo com a pesquisadora,
a expansão urbana é cara, pois implica alterar a infra-estrutura básica e de
transportes , enquanto que o reaproveitamento de áreas degradadas ou
subutilizadas tira partido de equipamentos existentes e reconecta o tecido
urbano truncado de áreas subutilizadas da cidade.
Referências:
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