sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Retrofit na Arquitetura e no Urbanismo


O que é o Retrofit?
Retrofit vem do inglês e ao pé da letra pode significar o que popularmente todos nós conhecemos como reforma, mas no meio da construção civil, em especial entre arquitetos e engenheiros o Retrofit tem o sentido de atualizar, modernizar, adaptar para a realidade atual e as novas exigências do mercado e do grande capital, as edificações e espaços degradados pelo tempo ou pela má conservação, dando-lhes conforto térmico-acústico, acessibilidade, novas tecnologias, eficiência energética, novos sistemas de comunicação e segurança, ou seja, compatibilizando a construção com as atuais legislações urbanas e lhes re-agregando valor. Em síntese o Retrofit é um renascimento da construção ou do local, colocando o antigo em boa forma e contribuindo para manutenção e preservação do patrimônio arquitetônico original.

Retrofit na Arquitetura

Apesar de muito semelhante, não seria apropriado se referir ao Retrofit como uma espécie de reconstrução, pois esta ficaria a cargo de uma simples restauração, ao invés disto, busca-se o renascimento. No mundo da construção, a arte de retrofitar está aliada ao conceito de preservação da memória e da história. Que está na raiz do termo Retrofit, que surgiu na Europa e nos Estados Unidos onde as rígidas leis de manutenção do patrimônio histórico e arquitetônico impedem certos tipos de reformas ou reconstruções tradicionais, exigindo assim que fosse desenvolvida uma nova técnica na construção civil que requalifica-se a construção.

Segundo a arquiteta doutora Roberta Consentino Kronka Müilfarth, do Labaut (Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da Universidade de São Paulo), “essa requalificação pressupõe tornar o edifício mais "sustentável", pois ataca-se o problema do consumo exagerado de água e energia, apostando na ventilação natural do edifício, reúso de água, uso de água de chuva e outras alternativas. "É uma prática arquitetônica dentro do desenvolvimento sustentável", acredita Roberta 

Retrofit no Urbanismo
Puerto Madero - Buenos Aires - Argentina

A técnica do Retrofit não se aplica apenas em edificações, mas também pode ser aplicado a áreas urbanas inteiras, o que está acontecendo cada vez mais em grandes projetos de intervenções urbanísticas, que visam o renascimento de determinada área ou região, que pode ou não dependendo do projeto manter sua função original, mas na maioria dos casos o Retrofit aproveita o espaço, a arquitetura e a tradição do local e a reconfiguram para uma finalidade totalmente diferente de sua função inicial.

Na região Norte temos alguns exemplos de retrofit urbano aliado a restauração, um dos exemplos mais conhecidos, talvez a nível internacional seja a Estação das Docas em Belém, inspirado no projeto de Puerto Madero em Buenos Aires, aproveitou-se galpões erguidos no final do século XIX para armazenar borracha e que ficaram abandonados e sub-utilizados por décadas para serem reconfigurados em um grande centro de lazer, turismo e contato da população belenense com a Baia do Guajará, e que hoje é um dos principais locais de lazer da capital paraense.
Estação das Docas (Antes e Depois)  - Belém

Em Macapá também temos um belo exemplo do uso da técnica do retrofit em conjunto com a restauração e o paisagismo, o Projeto do Parque do Forte concluído em 2006, aproveitando a área do entorno da Fortaleza de São José de Macapá que se encontrava totalmente subutilizada criou-se um grande espaço de lazer e turismo que até então a capital macapaense não possuía, e que hoje é reconhecidamente a principal área de passeio da população.
Parque do Forte (Antes e Depois) - Macapá

O retrofit urbano transforma áreas obsoletas e até com problemas sociais em áreas economicamente e socialmente ativas, onde a degradação e violência dão lugar à renovação urbana e maiores consciência e cuidado com o meio. "Na Europa é muito comum a requalificação urbana onde até bairros inteiros são transformados, em oposição à expansão urbana", explica Roberta. De acordo com a pesquisadora, a expansão urbana é cara, pois implica alterar a infra-estrutura básica e de transportes , enquanto que o reaproveitamento de áreas degradadas ou subutilizadas tira partido de equipamentos existentes e reconecta o tecido urbano truncado de áreas subutilizadas da cidade.

Referências:

Nenhum comentário:

Postar um comentário