quinta-feira, 17 de maio de 2012

As exposições Universais e a Arquitetura



Em 1851 em Londres, sob o título "Grande Exposição dos Trabalhos da Indústria de Todas as Nações". A "Grande Exposição" ou Exposição Universal e ainda também chamada simplesmente de “Feira mundial” abria uma nova era no processo industrial e comercial do modo de produção capitalista. A primeira exposição universal foi aberta pela Rainha Vitória, mas quem supostamente teve a ideia foi seu marido o Príncipe Albert, essa não seria mais uma simples feira como a séculos ocorriam em vários lugares da Europa e do Mundo, mas esta seria a primeira feira moderna de exposição, para cada país mostrar o que de melhor a sua industria produzia. Na verdade era uma grande vitrine para a Inglaterra que a época era a maior potência econômica, industrial, comercial, colonial e militar do planeta mostrar ao mundo todo o seu poderio.


Primeira Exposição Universal - Londres 1851
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Crystal_Palace 


Rainha Vitória abre a cerimônia de inauguração
da primeira exposição Universal
Fonte: https://pt.wikipedia.org/
wiki/The_Crystal_Palace














As exposições universais servem desde sua primeira edição e até os dias de hoje para que os países exponham seus melhores produtos industrializados e manufaturados, e também abrange várias áreas de ciência e da tecnologia tais como as relações internacionais, a engenharia, a arquitetura, o designer, as artes e o turismo, e nos últimos anos tem servido também para os países mostrarem os avanços nas pesquisas na área da engenharia genética por exemplo. E mais precisamente na área de arquitetura e da engenharia o mundo foi surpreendido logo na sua primeira edição da Feira mundial de Londres de 1851, com a construção do Palácio de Cristal, uma construção revolucionária para época, toda feira de maneira pré-moldada em aço, vidro e madeira, esta belíssima construção não era apenas monumental e moderna, mas estava destinada a passar uma mensagem da Inglaterra como “a senhora do mundo” na época, e desde então as exposições universais servem como vitrines principalmente para os países sede mostrarem todo o seu poderio tecnológico e científico.
Visão externa do Palácio de Cristal
Fonte: http://lostbritain.org.es/pfitemfinder/the-crystal-palace/
Visão interna do Palácio de Cristal
Fonte: https://br.pinterest.com/
stefandevos/joseph-paxton/

















Outra importante exposição universal que deixou um grande legado arquitetônico foi a Feira Mundial de 1889 em Paris, no mesmo ano em que a república estava sendo implantada no Brasil, os franceses comemoravam o centenário de sua revolução francesa, e para isso estavam decididos a impressionar o mundo. Naquela época a França vivia o período áureo da “Belle Époque”, e foi então que o projeto do engenheiro Gustave Eiffel e sua torre treliça de ferro foi aprovado. A principio a Torre Eiffel gerou muita controvérsia entre os franceses, e originalmente era uma estrutura temporária e seria desmontada após a exposição, no entanto a torre impressionou tanto os visitantes e teve uma repercussão tão positiva no exterior que os franceses mudaram de ideia e ela não apenas ficou de pé como também se tornou um ícone mundial e mais um grande legado arquitetônico que uma exposição universal deixou.




Exposição Universal de Paris - 1889
Fonte: Wikipédia

Nem sempre as exposições universais deixam legados positivos para algumas cidades, mas, por exemplo, em uma das melhores exposições universais dos últimos anos a Exposição Universal de Lisboa em 1998 foi na verdade um portal para o século XXI, e teve como o tema: "Os oceanos: um patrimônio para o futuro" e foi realizado em Portugal um país que historicamente desbravou os oceanos (Um claro exemplo somos nós mesmo brasileiros, que herdamos de nossos colonizadores inúmeras referências inclusive o idioma) e até hoje é um país muito ligado ao mar. O mega-projeto da Expo98 foi um audacioso plano de intervenção urbana em uma área degrada de Lisboa, e deixou um legado até os dias de hoje para os portugueses como Parque das Nações, o Oceanário de Lisboa, o Pavilhão atlântico, Linhas e novas estações de metrô, Teleférico, Torre e Ponte Vasco da Gama.

Parque das nações e Ponte Vasco da Gama - Exposição Universal de Lisboa (1998)
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lisbonne_Expo98_02.jpg

Quanto a participação brasileira tem o desconhecido caso do Padre Azevedo: “O comissariado brasileiro da Expo 1862 recusou a participação do protótipo da máquina de escrever do Padre Azevedo argumentando que o pavilhão já estava lotado de amostras de minérios e não cabia mais nada. O Brasil perdeu a primeira oportunidade de mostrar ao mundo um dos mais notáveis inventos nacionais.” E mais recentemente na última Exposição Universal de Xangai em 2010 o Brasil apresentou um belo, mas controverso projeto para o pavilhão brasileiro: “O arquiteto Marcel Tanaka um dos autores defendeu o projeto assim: “Por isso, desenvolvemos essa fachada, que será feita com pedaços sobrepostos de madeira reciclada e pintada de verde, que vão ser apoiadas em uma estrutura metálica. Tanto a cor, que representa a bandeira nacional, quanto às madeiras sobrepostas, que lembram os artesanatos em palha, são referências ao País.” Artesanato em palha é referência para quem? É com essa mentalidade que permanecemos com a tradição de exportadores de commodities para alimentar o crescimento espetacular da China.” Trechos retirados do site Vitruvius em Junho de 2010.


Projeto do pavilhão brasileiro na Expo Xangai 2010
Fonte: https://concursosdeprojeto.org/
2009/05/22/concurso-expo-xangai-2010-br/
Pavilhão brasileiro na Expo Xangai 2010
Fonte: https://arcoweb.com.br

De modo geral as exposições universais, inicialmente feitas para expor produtos industriais, agora como tudo no mundo contemporâneo está mais abrangente e dinâmico e mesmo hoje tendo várias feiras especificas e com o advento da revolução nas comunicações (Principalmente a internet) e dos meios de transporte, as feiras mundiais perderam muito de sua importância de outrora, entretanto permanece como até hoje como a mais tradicional e importante vitrine do mundo moderno para conhecer suas modernidades, e a arquitetura também está inserida neste contexto com os inúmeros legados arquitetônicos e urbanísticos que as exposições Universais têm deixado. Infelizmente até hoje o Brasil ainda não recebeu nenhuma Feira Mundial, mas com a recente emergência do Brasil como uma potência mundial, isso não está tão longe de acontecer, mas temos que nos preparar e pensar não somente na aparência (Arquitetura), mas também na sua essência (Produtos, tecnologias e pesquisas) para mostrarmos ao mundo um país não somente belo, mas também competitivo e eficiente digno de ter seu lugar entre as maiores nações do planeta.



Referências:

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