Largo dos Inocentes, "Formigueiro" Foto: http://casteloroger.blogspot.com.br/ |
O higienismo social é uma
ideologia que surge no final do século XIX, que consiste a grosso modo em
limpar, higienizar a cidade de tudo aquilo que a enfeia, na prática consistiu
em uma política de remoção da pobreza, de mendigos, usuários de drogas entre
outras “personas non gratas” da vista da população, em outras palavras, uma
tentativa de esconder a “sujeira” de nossa sociedade para debaixo do tapete. Hoje
quase 150 anos depois ela ainda é usada por quase todos os gestores públicos,
bem como é um pensamento elitista que entranha todas as camadas sociais. Um
caso de notório e bem atual é a política de higienização do centro de São Paulo
empreendida pelos governos do PSDB e PT, na região da Cracolândia. Uma
tentativa fracassada de tentar limpar o centro de São Paulo que só fez espalhar
o problema por todo o centro da cidade, outro caso mais extremo é a chacina da
Candelária onde acredita-se até hoje que os comerciantes da região da
Cinelândia no Rio, pagaram um grupo de extermínio para “limpar” a área de
mendigos e meninos de rua.
O Largo dos Inocentes, também
conhecido como Formigueiro, ou ainda apenas “Fórmis” pelos mais jovens, é o
berço histórico da cidade de Macapá, foi lá que viveu Mãe Luzia, histórica
parteira que hoje dá nome a única maternidade do estado, lá existia o antigo
pensionato São José (Hoje parte do Vila Nova Shopping), lá existiu o Cine
Paraíso um dos primeiros cinemas do Amapá (Reaberto por algum tempo e hoje
vendido ao Shopping), é lá que fica a Igreja de São José, a edificação mais
antiga da cidade e um dos poucos monumentos que faz referência aos mais de 250
anos da capital, assim como é lá que está a última casa colonial de Macapá (Que
irá se tornar um espaço cultural), e sem falar que lá também está o famoso Bar
da Dona Beth. A região do Formigueiro é também um centro para diversas
manifestações culturais e ponto de encontro de diversas “tribos” urbanas
macapaenses, que vão desde os pioneiros, até os heavy metal, passando pela
comunidade LGBT.
Recentemente uma organização que
tradicionalmente realiza eventos no largo, revoltou frequentadores e não frequentadores
do lugar, ao declarar que o Formigueiro é um antro de “viciados” e “vândalos”,
e que as árvores que existem lá atraem “desocupados”, e em uma clara tentativa
de higienizar o lugar pediu a prefeitura de Macapá que cortasse todas as
árvores e destruíssem todos os bancos (E os vândalos são os frequentadores né?!),
o que sugere que além de querer higienizar socialmente a área, a organização
ainda demonstra atitudes que lembra e muito uma privatização do espaço público. A referida organização ignora o fato de que aquela área é pública, de que Macapá mesmo sendo uma cidade
amazônica é extremamente mal arborizada e precisa de árvores, e que aquela área serve de ponto de
encontro de diversas tribos. É lamentável que discursos como estes ainda
existam e se propaguem em pleno século XXI, é como querer aleijar a cidade de
um dos poucos espaços de convívio social que ainda temos. A prefeitura deveria
intervir sim na região, porém não para descaracterizá-la e sim para revitalizá-la
e potencializar as atividades culturais que ali existem e transformá-la em um
corredor cultural para todas as tribos, todas as idades e, sobretudo para
todos, afinal, aquele é um espaço público de uso comum e assim deve permanecer.
A própria organização é quem abandonou o Formigueiro, antes haviam muitos eventos quase todas os dias de sextas-feiras, mas atualmente os eventos só ocorrem esporadicamente, para a própria promoção da "dona do Formigueiro", como foi o Arraial que ocorreu no mês de Junho, um verdadeiro pão e circo. Quem foi que mandou quebrar os bancos do Formigueiro? A dona do lugar, eu que não fui! Mana, se tu quer um espaço só pra ti, vai comprar, querida! Querer se apropriar da coisa pública não pode.
ResponderExcluir"uma organização" (no texto), "dona do lugar" (nos comentários). Por que não começar a dar o nome aos bois?
ResponderExcluirO conhecido Formigueiro é um espaço publico de extrema tradição da cidade Macapaense. De extrema relavancia para seus frequentadores, que vão além de desocupados e vandalos, como pensam as mentes ignorantes.
ResponderExcluirO incomodo das pessoas deve ser porque elas não podem viver aquilo, se prendem numa mente ignorante cheia de preconceito. O Formigueiro deve ser revitalizado, isso sim, para que a população que lá frequenta, que também, direta ou indiretamente, paga impostos, possa usufruir de um espaço onde possa ter seu lazer, encontrar os amigos, espairecer. É isso o que acontece lá, em sua totalidade.
Interessante, nos intitulam de forma depreciativa, porem a Confraria Tucuju nem sequer sabe realmente que 50 % dos jovens que frequentam o local são acadêmicos, que 70% tem um emprego digno, é fácil abrir a boca e denegrir de forma geral as pessoas que ali frequentam... Conheço boa parte dos frequentadores, pois sou uma, existem os que não vão com boas intenções para ali, mas os próprios que ali permanecem protegem o local não permitindo que essas pessoas de má índole cause algum dano; a confraria reclama do wifi dizendo que roubamos, por Deus! eles nunca ouviram falar de senha, e não creio que exista algum hacker ali pra quebrar uma senha besta de internet.
ResponderExcluirEles se preocupam tanto em querer nos tirar dali, mas poderiam arrumar uma forma mais simples de resolver tudo, poderiam fazer ações para ajudar os "Vândalos" e "Viciados" sentar e conversar. Mas são um tipo de pessoas retrogradas e incoerentes, pensão somente no bem próprio e esquecer do bem em comum, tendo em vista que o Lago dos Inocentes vulgo Formigueiro é um local público e não creio que exista parâmetro legal que nos impeça de transitar em local público, menos ainda em via pública...
Pois, seria bom eles antes de reclamarem e agirem contra nós, deveriam tentar uma concessão, uma dialogação e parar com essa agressão verbal contra nós, jovem que estamos simplesmente exercendo o direito de ir e vir.
Espero que eles pensem, pois a maioria que hoje está ali na confraria já viveram a vida de boemia de loucura da juventude, e na verdade, já vi muitos dos que ali se encontram ficarem no nosso meio se socializar conosco.
Acho que a diretora da Confraria deveria se preocupar com coisas mais relevantes e importantes invés de ficar fazendo picuinha e birra contra as pessoas que ali se encontram.