Recorte do mapa do Estado do Pará em 1923 (Arquivo Nacional) |
Antes
de tudo, é preciso dizer que a historiografia séria não trabalha com “achismos”
ou com “e se...”, pois bem, então vamos ao nosso exercício de imaginação, que abre
um leque de infinitas possibilidades e teorias. Teorizar sobre cenários históricos hipotéticos, chama-se "história contrafactual", que na realidade está mais para um ramo da ficção do que para a historiografia. Dito isto então vamos lá!
Mesmo nos dias atuais pouquíssima coisa diferencia amapaenses de paraenses, o mesmo sotaque chiado com o uso do “égua” e suas variantes, o mesmo emprego do “tu” ao invés de “você”, a mesma culinária com açaí, maniçoba, vatapá e tacacá, sem falar no círio de Nazaré e tecno-brega, de vários modos o Amapá tem mais em comum com o Pará que o próprio sul do Pará, que tem uma forte influência mineira e goiana. Mas e se Vargas nunca tivesse assinado o decreto 5.815 em 13 de Setembro de 1943? Bem, para começar a responder essa pergunta, talvez devêssemos olhar para o atual noroeste do estado do Pará, onde estão os municípios de Almeirim, Prainha, Monte Alegre, Alenquer e assim por diante, os municípios a margem esquerda do rio Amazonas, até por que, as terras que viriam a ser o Amapá, nada mais eram do que uma continuidade dessa região, então norte do Pará, estes municípios tem hoje uma média de 42 mil habitantes cada, um IDH (índice de Desenvolvimento Humano) em torno de 0,580, considerado baixo e um PIB per Capita em média de R$ 10.623, considerado mediano, ou seja, nada muito animador.
Mesmo nos dias atuais pouquíssima coisa diferencia amapaenses de paraenses, o mesmo sotaque chiado com o uso do “égua” e suas variantes, o mesmo emprego do “tu” ao invés de “você”, a mesma culinária com açaí, maniçoba, vatapá e tacacá, sem falar no círio de Nazaré e tecno-brega, de vários modos o Amapá tem mais em comum com o Pará que o próprio sul do Pará, que tem uma forte influência mineira e goiana. Mas e se Vargas nunca tivesse assinado o decreto 5.815 em 13 de Setembro de 1943? Bem, para começar a responder essa pergunta, talvez devêssemos olhar para o atual noroeste do estado do Pará, onde estão os municípios de Almeirim, Prainha, Monte Alegre, Alenquer e assim por diante, os municípios a margem esquerda do rio Amazonas, até por que, as terras que viriam a ser o Amapá, nada mais eram do que uma continuidade dessa região, então norte do Pará, estes municípios tem hoje uma média de 42 mil habitantes cada, um IDH (índice de Desenvolvimento Humano) em torno de 0,580, considerado baixo e um PIB per Capita em média de R$ 10.623, considerado mediano, ou seja, nada muito animador.
É bem
provável que sem a instalação do território e posteriormente do estado, tivéssemos
menos municípios, menos gente, e menos serviços públicos e privados por esses
lados, municípios como Itaubal, Cutias, Pracuúba entre outros provavelmente não
existiriam, é possível que apenas localidades mais antigas como Macapá, Mazagão,
Amapá e Oiapoque existissem hoje como municípios. A Macapá que conhecemos e que
junto a Santana concentra 75% da população amapaense, seria bem diferente,
primeiramente teria uma população bem menor, e menos diversificada, lembremos
que o Amapá desde a instalação do território foi um local de atração
populacional, sem a máquina econômica movida pelo setor público da atualidade,
a economia dos municípios da região continuariam girando em torno da pecuária,
da agricultura de subsistência e do extrativismo, com isso o fluxo migratório
de paraenses, de nordestinos, sulistas, goianos etc. seria desviado pra outros
lugares como a própria Belém que seria ainda maior e mais inchada que hoje,
como também para Manaus e para a Guiana Francesa.
Centro histórico colonial de Macapá em 1908 (Álbum do Estado do Pará 1908) |
Por
outro lado Macapá provavelmente teria mantido seu centro histórico colonial que
foi destruído pelo processo de “modernização” e “embelezamento” promovido
durante o período territorial, quanto a tradicional população negra que habitava
a frente da cidade provavelmente continuaria por lá por muitas décadas, quem
sabe até a atualidade. Macapá teria hoje um centro histórico negro, uma versão
bem reduzida e amazônica do Pelourinho de Salvador. Já na economia é bem
provável que o projeto ICOMI (Indústria Comércio e Mineração) tivesse se instalado,
e Macapá teria uma dinâmica parecida de Oriximiná com a MRN (Mineração Rio do
Norte), Serra do Navio dificilmente teria se transformado em município após a
saída da ICOMI, sendo hoje mais parecida com uma cidade fantasma, algo como
Fordlândia.
Frente de Macapá 'Rua da praia"onde hoje é o Macapá Hotel Região anteriormente habitada pela população negra (Álbum do Estado do Pará 1908) |
Mas
no século XXI a região já seria emancipada né? Bem, provavelmente não. No dia 11/12/2011 realizou-se no Pará o primeiro, e até hoje. o
único plebiscito na história do Brasil, onde a população foi consultada se
queria ou não dividir seu estado para dar origem a outro. Lembremos que quase
todos os desmembramentos na história do Brasil se deram sob governos
ditatoriais. Também temos que lembrar que as regiões que pleitearam a separação
do Pará (Sul e oeste do estado), contam com importantes cidades médias, que são
importantes polos econômicos e de poder de elites locais, tais como Marabá,
Santarém, Altamira e Itaituba, algo que provavelmente não teríamos nestas
bandas, com isso as elites e oligarquias locais não teriam o poder político e
econômico necessários para mobilizar as massas, como no sul e oeste do Pará,
ficando um eventual movimento separatista no mesmo estágio hipotético que tem
hoje o projeto de criação do Território Federal do Marajó ou do Oiapoque.
O
atraso da região em relação a educação e saúde seria muito maior do que é hoje,
é provável que ao invés da Unifap, Ueap e Ifap tivéssemos um polo da UFPA, com opções bem limitadas de cursos, fazendo
com que os jovens fossem pra Belém cursar nível superior, algo que durou
com maior intensidade até os anos 90. As idas a Belém para
resolver problemas mais complexos de saúde, documentação entre outros também
seriam ainda mais recorrentes que nos dias atuais. O barco provavelmente
continuaria a ser o rei do transporte por essa região, viação aérea seria
reservada para emergências ou para os super-ricos. Ademais continuaríamos
reunindo a família pra comer pato no tucupi todo segundo domingo de outubro, e
indo para nossas festas de aparelhagem.
A unifap era um campus da UFPA nos anos 70 e 80
ResponderExcluir