sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O que aconteceu com nossos cinemas?



Nos últimos anos estamos assistindo o renascimento do cinema brasileiro, cada vez mais brasileiros estão “curtindo” o cinema nacional, isso se deve a alguns acontecimentos, aos investimentos no setor desde o inicio dos anos 2000, e a melhoria na qualidade das produções nacionais, grande parte delas focando prêmios estrangeiros. No entanto se nos filmes estamos evoluindo, nas salas de cinema em si estamos regredindo. O cinema brasileiro viveu seu apogeu nos anos 60 e 70, auge em todos os sentidos, nossas produções ganhavam prêmios atrás de prêmios internacionais, o número de salas de cinema não parava de explodir, cidades grandes, médias e pequenas ganhavam salas de cinema, os nossos filmes batiam Recorde de público, como Dona Flor e seus dois maridos, que até 2010 com Tropa de elite 2, tinha sido o filme nacional a arrebatar maior número de público nos cinemas de todo país. Ou seja, quatro décadas depois.

Depois de sua época de ouro, o cinema brasileiro pelo menos nas telas, está renascendo, porém muita coisa mudou se antes ir ao cinema era um passeio democrático, abrangendo todas as classes sociais, em todas as regiões e em cidades de todos os tamanhos. Hoje já no século XXI com os shopping centers cada vez mais invadindo as cidades brasileiras, as grandes redes de cinema, com telas 3D ou 4D, em formato stadium, e com 4, 5, 8 ou mais salas, tornaram-se uma concorrência desleal com os grandes e tradicionais cinemas de rua, que estão em extinção, os brasileiros acharam bem mais atraente comprar, pagar contas, comer e assistir filmes em um só lugar.


As salas de cinemas no Brasil seguem uma tendência global, as grandes redes de cinema, focam quase exclusivamente nas grandes produções hollywoodianas, quase não são exibidas curtas ou longa metragens independentes e de produção regional. Alguns cinemas de rua atualmente tentam se adaptar aos novos tempos, muitos investem em filmes alternativos e preços bem abaixo das grandes redes, mas nem isso está livrando-os da falência, o número de salas de hoje é bem menor do que havia há quarenta anos no Brasil, e não para de despencar. Citando exemplos regionais, em Macapá o primeiro cinema chamado de cine-teatro foi o único cinema da cidade durante as décadas de trinta anos, localizava-se na Av. Raimundo A. da Costa com Rua Tiradentes, próximo a Caesa, fechou há vários anos e hoje abriga uma academia, e sua arquitetura dos anos 50 está bem modificada. Em Belém são vários os casos, um dos primeiros cinemas do Brasil o Cine Palácio inaugurado em plena Belle Époque Amazônica, nos tempos áureos da era da borracha, decorado com todo o requinte e riqueza da era vitoriana, outrora viu passar os poderosos barões da borracha, hoje é templo da Igreja Universal, o mesmo se repetiu com o Cine Olimpia, Cine Nazaré, o Cine São Pedro e o Cine Opera. E Belém assistiu como conseqüência o monopólio da rede Moviecom, hoje quase absoluta na cidade. 

Os cinemas de rua marcaram gerações, a história de muitas cidades, os filmes que por eles passaram, as pessoas que por eles se identificavam e a arquitetura que os marcaram, eram e são referência para a cultura, e deveriam ser mais valorizados, porém em algum momento da história, nosso cinema brasileiro e nossas salas de cinema se perderam. O que aconteceu com nossos cinemas?

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